Eliana Pereira Ignacio – O atentado de 11 de setembro de 2001 permanece, após mais de duas décadas, como um dos eventos mais devastadores da história moderna. O impacto psicológico desse evento foi profundo e reverberou globalmente. Embora muito tenha sido escrito sobre os aspectos políticos e de segurança desse evento, o olhar da psicologia sobre as consequências emocionais e como essa tragédia pode ser ressignificada continua a oferecer importantes insights sobre o trauma coletivo e a recuperação.
O Impacto Psicológico Imediato do 11 de setembro de 2001 marcou profundamente a sociedade contemporânea, especialmente nos Estados Unidos, onde as consequências psicológicas foram imediatas e duradouras. O choque de ver dois aviões colidirem contra as Torres Gêmeas, transmitido ao vivo para o mundo, deixou milhões de pessoas em estado de pânico e terror.
Estudos posteriores revelaram que, imediatamente após o ataque, um aumento significativo de transtornos psicológicos, como Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), ansiedade generalizada e depressão, foi observado na população geral, especialmente entre os sobreviventes e familiares das vítimas.
Pesquisas mostram que mais de 15% das pessoas diretamente expostas ao evento desenvolveram TEPT. Esse transtorno se caracteriza por flashbacks constantes, insônia, pesadelos e uma sensação persistente de medo e insegurança. Para os socorristas que estavam no local — bombeiros, policiais e paramédicos —, o impacto foi ainda mais severo.
Muitos desenvolveram o que foi chamado de “Síndrome do 11 de Setembro”, um conjunto de sintomas físicos e emocionais associados à exposição prolongada ao trauma e às condições extremas de trabalho no Ground Zero, o local onde cavam as torres. Além disso, o 11 de setembro não impactou apenas aqueles que estavam presentes fisicamente.
O efeito psicológico do ataque foi sentido mundialmente, com pessoas de várias partes do globo relatando um aumento de medo, ansiedade e insegurança, reforçados pelo sentimento de vulnerabilidade global. Do ponto de vista psicológico, eventos traumáticos como o 11 de setembro podem ser compreendidos como traumas coletivos, que afetam não apenas indivíduos isoladamente, mas também comunidades e nações inteiras. Segundo Judith Herman, uma das maiores especialistas no estudo do trauma, “os traumas coletivos são experiências que afetam a estrutura social e a identidade de um grupo, seja uma comunidade local ou até mesmo uma nação”.
O 11 de setembro, portanto, representou um trauma coletivo global, exacerbado pelo fato de que o ataque não foi apenas físico, mas simbólico, mirando o centro financeiro dos Estados Unidos, um símbolo de poder e progresso. Um trauma coletivo pode modificar a maneira como as pessoas percebem o mundo e suas relações interpessoais. No caso do 11 de setembro, o sentimento generalizado de segurança e previsibilidade foi fortemente abalado. Para muitas pessoas, o evento trouxe uma nova consciência da fragilidade da vida e do perigo sempre iminente, o que desencadeou um estado constante de alerta, típico do TEPT. Além disso, a psicologia destaca que o trauma pode ser transmitido intergeracionalmente.
Isso significa que mesmo aqueles que não foram diretamente expostos ao ataque, como filhos de sobreviventes ou crianças que nasceram após o evento, podem herdar, de maneira indireta, os efeitos emocionais desse trauma através de histórias familiares ou culturais. Ao longo dos 23 anos que se seguiram ao atentado, a psicologia tem investigado formas de ressignificação de eventos traumáticos como o 11 de setembro. A ressignificação é um processo psicológico no qual a pessoa ou a sociedade encontra novos significados e narrativas para eventos devastadores, permitindo que eles se integrem à vida de maneira menos dolorosa e mais construtiva.
No caso do 11 de setembro, muitos indivíduos e comunidades buscaram formas de transformar o trauma em ações construtivas, como a criação de memoriais, homenagens anuais e até iniciativas de paz e solidariedade global.
A construção do Memorial do 11 de Setembro em Nova York, por exemplo, não serve apenas como uma lembrança das vidas perdidas, mas também como um local de reflexão sobre a importância da paz e da resiliência humana. A visão cristã também enfatiza o poder da comunidade e da solidariedade. Após o atentado, o mundo viu exemplos inspiradores de união, empatia e amor ao próximo.
Muitas igrejas se tornaram centros de acolhimento emocional e espiritual, onde famílias enlutadas encontraram conforto e um espaço para processar seu luto.
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”
2 Coríntios 5:17:
Até a próxima semana!!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnews.com