Da Redação – O ex-juiz Sergio Moro criticou o possível fim da Lava Jato horas depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar ter acabado com a Operação porque, segundo ele, “não existe mais corrupção” em seu governo.
Nas redes sociais, Moro disse que as tentativas de acabar com a força tarefa representam a volta da corrupção e um triunfo da velha política.
“As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?”, escreveu o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
Apesar da fala de Bolsonaro, a prerrogativa de encerrar a Lava Jato não é do Poder Executivo, mas da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A possibilidade de encerramento da força-tarefa de Curitiba em janeiro de 2021, como previsto pela PGR, lança incertezas sobre o futuro de uma série de investigações ainda em andamento e tem mobilizado procuradores da equipe a agir pela continuidade da operação.
O procurador da Lava Jato Roberson Pozzobon disse, em entrevista à CNN Brasil em setembro, que “é impossível” encerrar até janeiro com mais de 400 investigações em curso na Operação.
O grande legado de Bolsonaro
Acostumado a integrar a base dos governos desde a redemocratização – ele foi aliado dos governos Fernando Collor (Pros), Itamar Franco Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e José Sarney (MDB)-, o senador Renan Calheiros (MDB/AL), disse em entrevista a CNN Brasil que a extinção da Lava-Jato é um grande legado de Bolsonaro ao Brasil.
“Não estou apoiando, não sou da base do governo, mas acho que o Jair Bolsonaro, para além das diferenças que nós temos, ele pode deixar um grande legado para o Brasil que é o desmonte desse sistema que causou muitas vítimas nos últimos anos e tentou substituir a política nacional e graças a Deus não conseguiu“, disse Renan que responde a processos desencadeados pela Lava-Jato, por corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.
Covarde e bravatas
A relação entre Moro e Bolsonaro começou a se dilacerar bem antes de o então ministro deixar o governo, com Bolsonaro, por diversas vezes, criticando e fritando o outrora aliado.
Após a saída do governo, Bolsonaro chegou a chamar o ex-colaborador de covarde. Ofensa que Moro respondeu alegando que não passava de bravata do presidente.