Jehozadak Pereira
Apolítica brasileira foi defi nitivamente sacudida com a decisão monocrática do ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou os processos e as condenações de Lula que foram impostas pela Justiça Federal do Paraná, no âmbito da Operação Lava Jato. Com a decisão de Fachin, Lula recuperou os seus direitos políticos e se tornou elegível novamente.
A notícia evidentemente provocou um furacão, a começar das reações dos bolsonaristas que não se cansam de afirmar que Lula é ladrão, corrupto e tudo o mais que se possa ser-lhe imposto em termos pejorativos e pesados.
A decisão de Fachin devolve todos os processos contra Lula para a primeira instância e evidentemente ele pode de fato ser condenado às penas inferiores ou superiores às que lhe foram impostas originalmente e ter os seus direitos políticos cassados outra vez.
A conferir.
Para piorar ainda mais as coisas no cenário político-judiciário, a Segunda Turma do STF retomou o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos julgamentos de Lula em que ele proferiu sentenças. O julgamento foi interrompido quando estava empatado em dois a dois, pelo ministro Kassio Nunes que pediu vistas, o que deve paralisar a questão por tempo indeterminado.
Se Moro for julgado suspeito, todos os processos de Lula e consequentemente a operação Lava Jato vão ser extintos, além dos prejuízos ao ex-juiz e os procuradores federais que participaram das investigações, já que há fortes indícios de que os processos foram manipulados. A possibilidade de que isto – a suspeição seja determinada – é grande. É assim que caminha a mediocridade, a justiça e a política no Brasil…
Mas voltando ao cenário político, Bolsonaro que tinha a reeleição como certa, já que não tinha até segunda-feira passada, um adversário à altura, agora tem um que a se conformar será um páreo duro e um grande adversário que lhe poderá tirar o cargo em 2022. Convém lembrar que Lula e o PT protagonizaram os maiores escândalos políticos da história do Brasil, primeiro com o Mensalão, depois com o Petrolão.
Uma das maiores patifarias permitidas e operadas pelo PT foi o Mensalão que colocou na cadeia figurões de primeiro e segundo escalão, se bem que ficaram lá por pouco tempo. Porém, no Mensalão Lula escapou incólume de tudo e de todos, sempre negando saber do que se passava debaixo do seu nariz, e o pior é que teve gente que acredita nisso até hoje. Na ânsia de se perpetuar no poder, o PT e seus quadros compostos pela funesta base aliada – a mesma que agora está a serviço de Bolsonaro – resolveram saquear a Petrobras, uma das maiores empresas do mundo sem pudor algum.
Aliados, as siglas partidárias nomearam pessoas da sua confiança para tocar o esquema, e consequentemente, fraudar e roubar o erário e se estima que o valor dilapidado é por volta de R$ 80 bilhões. Fosse num país sério e com leis que funcionam, todos os envolvidos estariam na cadeia, inclusive Lula que sempre arrostou honestidade, que passou longe dele. Com gente comprometida com a causa, que assumiu através de nomeações cargos importantes, caiu nas garras dos procuradores em Curitiba que criaram a Operação Lava Jato e do então juiz Sérgio Moro, que de modo enviesado trataram de sambar cada um dos envolvidos, a começar por Lula, políticos e empresários, sem se importar com os nomes e fama e a estatura dos figurões envolvidos que foram de algum modo punidos exemplarmente.
É por estas e outras atitudes é que a esquerda brasileira, principalmente o PT se torna cada vez mais desprezível e abominável, a despeito de tantos programas dito sociais que na realidade são meros instrumentos popularescos e eleitoreiro. Foi nesta realidade e pregando moralidade com um discurso anti-corrupção e escorado num esquema de fake news e um forte sentimento anti-Lula e anti-petismo, é que Bolsonaro foi eleito, numa das eleições mais polarizadas de todos os tempos na democracia brasileira. Uma vez no poder, Bolsonaro tratou de desmontar tudo o que podia, começando da educação, das relações exteriores, da saúde e a desdenhar a política tradicional e também flertar com a volta da ditadura, atacando o STF, políticos e a sociedade que não lhe deve devoção.
Veio a pandemia e com ela o negacionismo, o menosprezo, a indiferença, o cinismo e a falta de empatia e solidariedade com as milhares de vítimas da Covid-19.
Ao discursar duramente contra Bolsonaro na quarta-feira, Lula deu o tom de como será o embate em 2022, sendo ele candidato ou não. Bolsonaro sentiu o golpe e sabe que Lula virá com tudo e com isto a campanha eleitoral do ano que vem tem tudo para ser a mais polarizada da história. As fi chas estão na mesa…