REUTERS – Familiares de centenas de pessoas ainda desaparecidas depois que um terremoto e tsunami atingiram a Indonésia no mês passado reagiram com raiva, tristeza e resignação neste domingo à decisão do Estado de pôr fim às buscas de vítimas da tragédia no final desta semana.
O terremoto de magnitude 7,5 derrubou shoppings, hotéis e outros edifícios na cidade de Palu no dia 28 setembro, enquanto ondas de tsunami se chocaram com sua orla. Mas, talvez ainda mais mortal, tenha sido a liquefação do solo que destruiu vários bairros de Palu.
Ninguém sabe quantas pessoas ainda estão desaparecidas, mas o número é de ao menos centenas, dizem equipes de resgate.
O número oficial de mortos subiu para 1.763, mas corpos ainda estão sendo recuperados, pelo menos 34 em um só lugar no sábado e mais no domingo.
“Muitos de nós estão com raiva porque não encontramos nossas famílias e amigos e eles querem desistir?” disse Hajah Ikaya, de 60 anos, que diz ter perdido a irmã, o cunhado e a sobrinha no bairro de Balaroa, no sul da cidade. Eles estão todos desaparecidos.
Balaroa é uma das áreas mais atingidas pela liquefação, que transforma o solo em um pântano, destruindo casas e arrastando pessoas sob a lama e detritos.
A agência de desastres disse que a liquefação destruiu 1.700 casas em apenas um bairro, com centenas de pessoas enterradas na lama.
“Somos muçulmanos. Precisamos de um enterro adequado, da maneira islâmica”, disse Ikaya. “Não queremos isso”.
O porta-voz da agência de desastre, Sutopo Purwo Nugroho, disse em entrevista em Jacarta que algumas buscas limitadas podem continuar, mas buscas em larga escala com muitos funcionários e equipamentos pesados cessarão no dia 11 de outubro.
Os detritos devem ser retirados e as áreas atingidas pela liquefação devem ser transformadas em parques e locais esportivos. Pesquisas devem ser realizadas, e pessoas vivendo em lugares vulneráveis, removidas.
“Não queremos que a comunidade seja transferida para lugares tão perigosos”, disse Nugroho.
A maioria das vítimas do terremoto e do tsunami eram de Palu, o principal centro urbano da região. Os números para áreas mais remotas estão chegando, mas eles parecem ter sofrido menos mortes do que a cidade.
Dede Diman, 25 anos, morador de Petobo, outro bairro em Palu que foi destruído pela liquefação, disse que as equipes de resgate não tinham nem começado a procurar onde sua irmã estava desaparecida.
“Nós já estamos com raiva”, disse Diman, que está vivendo em um abrigo com seu irmão e outra irmã. Sua mãe foi morta e seu corpo foi encontrado.
“Não concordamos em desistir. Mesmo que eles desistam, nós não vamos. Queremos encontrar nossa irmã.”