ESTADO – A reabertura da economia em meio à desaceleração da pandemia de covid-19 levou os americanos a registrar uma inflação que não era vista desde a crise financeira global, há 12 anos. O principal índice de preço dos Estados Unidos subiu 0,8% em abril e 4,2% nos últimos 12 meses – a maior alta para um período de 12 meses registrada desde setembro de 2008, quando o indicador avançou 4,9%.
A aceleração da inflação americana acende o alerta no mundo todo, dado que pode pressionar o Federal Reserve (o Fed, o Banco Central do país) a elevar a taxa de juros antes do esperado, em uma tentativa de a autoridade monetária segurar os preços. Uma elevação nos juros dos EUA, por sua vez, pode desencadear uma fuga de capital de países como o Brasil.
Apesar da inflação surpreendentemente alta em abril, analistas acham que ela desacelerará ao longo do ano e, portanto, não acreditam que o Fed tenha de alterar sua política monetária de forma relevante antes do previsto. Como a inflação ficou em 1,4% em 2020 e a meta do Fed é de 2% ao longo do tempo, há espaço para que a autoridade monetária aceite uma inflação de 4% neste ano.
Por enquanto, a aposta dos economistas é que o Fed elevará a taxa básica de juros só em 2023 e, caso precise segurar um pouco mais os preços, mexa no chamado “quantitative easing” (injeção de dinheiro no mercado financeiro). O Federal Reserve, porém, vem apontando um aumento no juros apenas em 2024.
Ainda assim, a divulgação ontem do dado de abril teve reações no mercado global, com as principais Bolsas do mundo em queda. No Brasil, o Ibovespa recuou 2,6%.
A preocupação no mercado financeiro diante dos preços nos EUA pode ser considerada normal dada a proporção do pacote de estímulos fiscais do presidente Joe Biden e também a valorização das commodities.