A Justiça Federal do estado de Virgínia condenou na quinta-feira, 7, Paul Manafort a 3 anos e 11 meses de prisão ao final de um dos dois julgamentos que envolvem este consultor político e lobista que dirigiu a campanha eleitoral de Donald Trump, em 2016, por cinco meses. Manafort, de 69 anos de idade, foi declarado culpado de crimes financeiros.
Na próxima semana, em uma corte federal de Washington, ele vai conhecer sua outra sentença – desta vez, pelos crimes de conspiração e interferência com testemunhas. O ex-colaborador de Trump chegou ao tribunal em uma cadeira de rodas e vestido com o macacão de presidiário. Trata-se de cena extraordinária para o lobista e consultor americano que talvez tenha exercido o maior poder sobre um país estrangeiro, a Ucrânia.
Os promotores haviam pedido a pena máxima de 25 anos pelos seus crimes de fraude bancária e tributária. Paul Manafort fora demitido da campanha de Trump em agosto de 2016, três meses antes da eleição, por causa da publicidade negativa provocada por seus vínculos com oligarcas russos e ucranianos.
Tornou-se, desde o ano passado, um dos mais importantes protagonistas da ascensão de Trump ao poder a cair na malha do procurador especial Robert Mueller, que investiga a interferência da Rússia na eleição de 2016. Ao sair de cena com a sentença que ainda receberá em Washington, porém, Manafort não desaparecerá do longo fio que Mueller começou a puxar.
Os pecados financeiros de Manafort estão à sombra de uma carreira que, por quase uma década, até 2014, se amparava em um país, a Ucrânia, e no entorno de um cliente, Viktor Yanukovich. Gângster e fantoche do Kremlin, Yanukovich governou de 2010 a 2014, quando foi deposto por uma revolução popular e fugiu para a Rússia.
A queda de Yanukovich e a subsequente anexação da Crimeia pelo presidente russo, Vladimir Putin, trouxeram ruína a Manafort. Depois de anos de privilégios sem precedentes, requentado saunas e nadando nu com o presidente ucraniano, cobrando somas extorsivas para injetar marketing americano na vida política da ex-república soviética, Manafort entrou na mira do Departamento de Justiça americano.