Por: Alfredo Melo – O personagem deste causo e um querido e saudoso amigo, Valdemir Tavares, conhecido como seu Neném, juiz de futebol, nos fins de semana. Apesar de Valadarense, seu Neném, durante um curto período de sua vida, residiu na pequena cidade de Tabuleiro, zona da Mata de Minas Gerais, onde apitava seus jogos e acabou filiado ao quadro de Árbitros da Liga de Futebol de Juiz de Fora. Seu Neném, em Tabuleiro, se apaixonou pelo time do Pão com Ovo, tri-campeão da cidade.
A fama do Pão com Ovo, corria pela zona da Mata, até que um certo dia, a diretoria do Chama Chuva, time de Pirauba, resolveu desafiar o time de Tabuleiro, para um amistoso em Pirauba. Temendo alguma armação, o pessoal de Tabuleiro, tratou de se precaver e exigiu um juiz neutro e convidariam um arbitro da Liga de Juiz de Fora.
Foi apresentado o nome de seu Neném, arbitro de confiança da Liga. Realmente chamaram um juiz “neutro”, foi a teoria do safado, safado e meio.
As credenciais apresentadas pela Liga, de seu Neném, convenceram os dirigentes de Pirauba. Tolinhos. No dia do amistoso, a cidade de Pirauba estava em festa. Dois ônibus, alugados, pela torcida do Pão com Ovo, acompanha van a delegação tabuleirense. O time do Chama Chuva, se reforçou com os melhores jogadores, das cidades vizinhas, o objetivo era destronar o time do Pão com Ovo, considerado o melhor da região.
Enquanto o Chama Chuva, apostava nos craques convidados o Pão com Ovo, confiava em seu Neném, o juiz -torcedor. O jogo vinha sendo disputado com grande equilíbrio, os reforços do Chama Chuva, dificultavam as coisas para o Pão com Ovo.
Seu Neném, atuava de forma perfeita e era elogiado pela diretoria do Chama Chuva, o tempo passava e o 0x0, teimava em não sair do placar.
Aos 35 minutos do segundo tempo, já impaciente, o juiz-torcedor pensava em arrumar um pênalti para o Pão com Ovo. Existe um ditado que diz “a ocasião faz o ladrão” e a ocasião surgiu aos 41 minutos do segundo tempo, num chute forte, da intermediaria, do camisa 5 do Pão com Ovo, que se chocou com o travessão e voltou quicando na entrada da área, onde estava seu Neném.
A tentação era grande, seu Neném, não pensou duas vezes, viu o goleiro caído, após a tentativa de defesa e de voleio com o pé esquerdo mandou no meio do gol, para surpresa geral e desespero dos jogadores do Chama Chuva, liderados pelo capitão Paequinho, filho de Paeco, ex-saladeiro do Sal e Brasa e do JC Market, ao validar o próprio gol. Com a cara mais lavada do mundo, seu Neném explicava que o juiz, a trave, o bandeirinha são todos pontos neutros, se a bola bater e entrar é gol.
E Paequinho insistia, a bola bateu em você? E seu Neném, muito tranquilo dizia “bateu no meu pé esquerdo” Paequinho vira-se para seus jogadores, pedindo que voltassem a jogo, pois, aquele ladrão, não era fraco não.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…
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