Da Redação – Nesta terça-feira, 1º, Tim Walz e JD Vance se enfrentam no único debate vice-presidencial antes do pleito. Embora o evento possa trazer alguma visibilidade para os candidatos, historicamente, debates entre vices não têm grande impacto no resultado final das eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Os dois vices em campanha atualmente foram escolhidos para tentar atrair votos do meio-oeste, uma das áreas decisivas este ano por abrigar estados-pêndulo, como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia. Do lado republicano, Donald Trump escolheu como vice J.D. Vance, um senador de primeiro mandato por Ohio. A democrata Kamala Harris optou por Tim Walz, governador de Minnessota.
Walz e Vance são figuras bastante expressivas e poderão ter cenas de embate mais fortes, mas o impacto sobre o eleitor tende a ser menor. A audiência dos debates entre vices costuma ser de um terço dos debates presidenciais, algo em torno de 20 milhões de pessoas.
Este, no entanto, deverá ser o último debate desta eleição, já que Trump descartou fazer um novo embate contra Kamala na TV. O programa está marcado para as 22h (horário de Brasília) de terça-feira, 1.
Mesmo em eleições passadas, momentos memoráveis em debates entre vices não foram suficientes para influenciar o resultado final. O público geralmente vê o vice-presidente como uma figura de apoio, e não como o centro das decisões que influenciam sua escolha na urna.
O papel do vice-presidente
A função de vice-presidente dos Estados Unidos inclui presidir o Senado e atuar como substituto imediato do presidente em caso de afastamento. Apesar de o cargo ter um papel secundário, as circunstâncias atuais, incluindo questões de sucessão e a escolha dos candidatos, trazem uma importância renovada à posição.
O vice-presidente exerce uma função central ao presidir o Senado, podendo desempatar votações importantes, como Kamala Harris fez diversas vezes durante seu mandato. Além disso, cabe ao vice-presidente presidir cerimônias de certificação de resultados eleitorais, como ocorreu em 2021, quando Mike Pence desempenhou esse papel durante a transição de poder, mesmo após protestos e invasões no Capitólio.
O vice-presidente também é preparado para assumir a presidência em caso de afastamento ou morte do presidente, situação já ocorrida nove vezes na história dos Estados Unidos. A última vez foi em 1974, quando Gerald Ford assumiu o cargo após a renúncia de Richard Nixon.
De acordo com a Associated Press (AP), o debate deve focar nos seguintes pontos:
1 – Defesa dos ‘chefes’
Vance e Walz irão a campo para defender seus parceiros na chapa. A visão dos eleitores sobre os dois pode influenciar em como a mensagem será entregue no debate.
Uma pesquisa da AP feita em parceria com a Universidade de Chicago aponta que Walz é mais bem avaliado do que Vance pelo eleitorado.
Enquanto o democrata tem visão favorável por cerca de 4 a cada 10 eleitores, apenas um quarto dos entrevistados tinha uma opinião positiva sobre o republicano.
O senador Tim Kaine, que concorreu como vice na chapa com Hillary Clinton em 2016, disse que os candidatos precisam focar na defesa de quem concorre à Presidência.
“O único conselho que importa é proteger o topo da chapa”, disse. “Você não pode deixar ataques sem resposta.”
2 – Aborto
Os direitos relacionados ao aborto são um ponto sensível na campanha eleitoral. Os democratas defendem uma lei nacional para garantir o direito ao aborto. Já os republicanos defendem proibições.
O apoio ao acesso ao aborto aumentou nos Estados Unidos desde 2022, quando a Suprema Corte revogou o direito constitucional de uma mulher interromper a gravidez. Isso colocou os republicanos em uma situação delicada.
Walz deve seguir o discurso de Kamala no debate e defender o direito como uma “liberdade” relacionada aos cuidados com a saúde.
Já Vance tentará levar uma mensagem mais consistente. Em agosto, ele chegou a dizer que Trump vetaria uma proibição nacional se ela fosse aprovada no Congresso. Por outro lado, o ex-presidente disse que não discutiu isso com o candidato a vice.
3 – Economia
Vance costuma ser mais claro do que Trump em propostas para ajudar os trabalhadores e impulsionar a indústria dos Estados Unidos. Além disso, ele costuma atacar a gestão de Joe Biden sobre os números da inflação no país.
A economia pode ser o momento em que Vance terá a oportunidade de colocar Walz na defensiva. Isso porque o republicano deve tentar colar o democrata ao governo Biden.
Os democratas tendem a ressaltar dados positivos da atual gestão na economia, como o baixo índice de desemprego e aumento dos salários. O argumento usado pela campanha de Kamala é que Biden herdou números muito ruins de Donald Trump.
Além disso, ambas as campanhas têm propostas econômicas parecidas, incluindo cortes de impostos e subsídios para certos setores.