Por: Edel Holz – A gente paquerava os gatinhos de Passos city na porta do Passos Clube, encostadas nos carros que estavam parados na rua. O movimento ia caindo, a noite era uma criança e nós pegávamos uma carona com algum conhecido pra dançarmos no Kuka Freska.
Kuka era a boite do Taquinho e da Fátima e a gente se esbaldava. Quando esse espaço era ainda pequenininho, foi palco de grandes shows como o Viva Hollywood 1 e 2 , as noites do Cowboy, a dos Anos 50 e a Brega foram inesquecíveis.Todo mundo vestido à caráter e Taquinho nos deixava enfeitar as paredes do jeitinho que queríamos.
Meu primeiro beijo foi lá! A primeira vez que saí à noite, num lugar para adultos e eu só tinha 14 anos. Me lembro direitinho: Chiquinho Brandão tinha o cabelinho enrolado que nem anjinho barroco e olhos muito verdes. Me beijou e eu estática, parada no meio da pista de dança. Nem sabia que a língua precisava dançar também .
Claro que me apaixonei por ele que tinha 23 anos e fazia faculdade em Lavras. Depois deste muitos beijos cinematográficos aconteceram comigo no Kuka. Afinal, aprendi a beijar direitinho! Ana Paula Patty, sensualíssima arrebatava corações na pista de dança com seu olhar 43 e seus olhos de gatinho desenhados com lápis preto de sobrancelhas e a gente ficava no Kuka até 4, 5 horas da manhã.
Claro que íamos pro barzinho do lado de fora que sempre tinha música ao vivo e nesse tempo eu era loucamente apaixonada pelo Carlos César que tocava bateria numa banda e era um Deus grego! A gente encontrava todo mundo ali e a conversava corria solta. Quando aumentaram o Kuka, fizeram um espaço dentro, outro fora e continuava lotadissimo.
A gente pegava carona pra voltar pra casa com facilidade mas a maioria dos caroneiros tava pra lá de Bagdá. Nenhum de nós pensava no perigo de pegarmos carona com bebuns. E chegávamos sãs e salvas no Credireal.
O Kuka não existe mais, mas as noites embaladas por músicas e beijos de todos os tipos ficarão pra sempre em nossa memória!
SOBRE A COLUNISTA : Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e de mente efervescente Edel.