JCEditores – O Presidente eleito Donald Trump (Rep.) prometeu reprimir a imigração legal e ilegal além implementar a “maior operação de deportação da história americana.” Entretanto essas medidas podem afetar o crescimento econômico do país e criar efeitos inesperados como revela a alguns dados históricos.
Independentemente do espectro político, Democrata ou Republicano, é impossível ignorar o fato de que até Outubro deste ano havia mais de 1,5 milhão de pedidos de asilo pendentes nas cortes migratórias do país. E é justo dizer que muitas comunidades estão passando dificuldades orçamentarias para dar suporte as crescentes ondas de imigrantes vindos da fronteira sul.
Mas será que com a chegada de Trump ao poder em janeiro do ano que vem trazendo uma nova abordagem das politicas migratórias esse problema pode chegar ao fim? Possivelmente que não!
Os EUA já tentaram medidas rigorosas para limitar a imigração que acabaram por prejudicar a economia e não trouxeram os benefícios pretendidos aos trabalhadores americanos.
O sistema de imigração dos EUA ainda é amplamente regulado pelas disposições da Lei de Imigração e Nacionalidade de 1965, que foi superficialmente alterada em 1990 e desde então as tentativas para reformar o sistema de imigração acabaram falhado por razões diversas.
O que a história pode nos ensinar?
A imigração tem sido fundamental para sustentar a recuperação da economia dos EUA, preenchendo vagas no mercado de trabalho e mantendo a inflação sob controle.
Embora os mercados de trabalho tenham se estabilizado desde o pico pós pandemia em 2023, ainda há uma demanda significativa por mão-de-obra e é pouco provável que trabalhadores americanos, tanto em setores altamente qualificados como nos setores que requer menos qualificação ocupem essas vagas.
Os EUA já implementou medidas para controle da imigração que mais prejudicaram a economia do país e que não trouxe beneficio algum as comunidades locais.
Em algumas delas foram:
- A Lei de Exclusão Chinesa que proibiu os trabalhadores chineses de imigrar para os EUA em 1882.
Resultado: o ato desacelerou o crescimento econômico no oeste dos EUA, onde quase todos os imigrantes chineses viviam na época.
Essa política também prejudicou a produção industrial e reduziu o crescimento da renda e a oferta de trabalho aos trabalhadores nascidos nos EUA. - As quotas para imigrantes – foram regulamentações específicas para ‘certas nacionalidades’ que foram introduzidas em 1921 até 1924 para reduzir a imigração de alguns países da Europa e grupos étnicos.
Os imigrantes vindo da Europa alimentaram o crescimento econômico do pais que beneficiando os trabalhadores americanos e após a implementação dessas quotas, a economia reduziu seu crescimento sem que os trabalhadores nativos obtivessem aumento de salários ou de melhores oportunidades de emprego que eram ocupados por esses migrantes, e em resposta a fata de mão de obra, as indústrias automatizaram ainda mais seu processos ou deslocaram suas fabricas para o Canadá e México.
A Curto prazo, as politicas propostas por Trump, como nos exemplos acima, levarão ao aumento dos custos que serão repassados ao consumidor gerando falta de competitividade e falta de investimentos na cadeia produtiva. A proposta de Trump até o momento é a de portação em massa, os custos humanos serão maiores daquele gerado na economia.
Caso o plano de deportações seja implementado, veremos o seguinte cenário:
- As empresas dos setores agrícolas, de hotelaria e dos cuidados de saúde, não conseguirão substituir rapidamente os trabalhadores imigrantes por trabalhadores nascidos nos EUA.
- Preços elevados e inflação – o plano de Trump exercerá pressão ascendente sobre os salários e isto pode ser bom para alguns trabalhadores, mas aumentará os preços finais a esse trabalhador e na melhor das hipóteses, a inflação e os custos ao consumidor aumentarão. Na pior das hipóteses, muitos itens irão desaparecer da cesta básica das famílias americanas.
- Perdas de empregos – muitos trabalhadores nascidos nos EUA, incluindo gestores, perderão os seus empregos se as empresas não conseguirem encontrar trabalhadores para produzir seus produtos ou prestar serviços.
Provavelmente a falta e mão de obra levará ao fechamento de empresas e, por sua vez, à perda de empregos, mesmo entre os trabalhadores nascidos nos EUA.
Crescimento e oportunidades perdidas
É possível que, com o tempo, a economia americana se ajuste às novas políticas, e os trabalhadores nascidos nos EUA acabarão ganhando salários mais altos. Mas não há garantia de que isso vá acontecer, e não está claro quanto tempo isso pode demorar.
Novamente, a história oferece alguns exemplos:
- Os efeitos da Lei de Exclusão Chinesa persistiram durante 60 anos, os danos econômicos cresceram ao longo do tempo.
A América estaria perdendo imigrantes em um momento quando mais dele precisa. - Tal como os de outros países, a população dos EUA está envelhecendo rapidamente. Sem imigrantes mais jovens para contribuir com a economia os encargos fiscais associados aos sistemas de segurança social e de pensões tornar-se-ão insustentáveis.
- Os EUA tem uma capacidade inigualável em relação a outros países para atrair talentos globais, que são pessoas altamente qualificadas e que estão dispostas a migrar, entretanto, essas pessoas não se sentirão seguras em residir em um país que se torna cada vez mais hostil a estrangeiros onde pessoas iguais a ele são vistos como criminosos.
Precisamos de uma abordagem melhor
A política de imigração dos EUA precisa de uma mudança drástica, mas as abordagens de Trump não levará a América na direção certa. Isso não significa que os EUA devam implementar um sistema de imigração totalmente irrestrito ou continuar coma mesma abordagem de Biden. Isto não seria politicamente viável ou economicamente desejável.
No entanto, a deportação massiva de trabalhadores imigrantes associadas a outras medidas draconianas pode representar um grande atraso na economia dos Estados Unidos gerando um efeitos em cascata que seriam sentidos por todos os americanos. A história sugere que as restrições à imigração, legal e ilegal, têm consequências indesejadas.