Por: Edel Holz –Minha mãe cozinhava maravilhosamente bem. Fazia o trivial, mas tudo que botava a mão virava ouro. Seu vatapá era tão bom quanto de qualquer verdadeira baiana. Sua feijoada completa era deliciosa, seu charuto sírio era de comer de joelhos. Até mesmo um filé de frango virava um banquete de rei.
Dona Netinha fazia um empadão dos deuses do olimpo. O arroz na gordura de porco até hoje sinto o gosto e o cheiro da sua comida ainda invade meu paladar.
O manjar branco com ameixas pretas, o pudim de claras com casquinha de limão, o doce de queijo com ‑ os de ovos…. Hummm me dá água na boca só de lembrar! O pão da Bá tinha um sabor incrível e ela fazia todos os dias para os atores da Paixão de Cristo comerem na cena da Santa Ceia. A manteiga derretendo no pão quente fazia pedra falar!
Meu irmão Gustavo, depois que mamãe foi cozinhar pros anjos, aprendeu a cozinhar sozinho e seu pão de queijo era o melhor do mundo!
Douglas, meu irmão do meio, faz meus pratos preferidos: frango caipira com aquele caldo bem amarelo e o frango ao molho pardo. Seu pão e sua farofa têm história em Passos.
Vovó Inicência fazia um macarrão com sabor de casa da vó e um arroz com macarrãozinho pra ninguém botar defeito!
Vovó Clarinda fazia uma gelatina colorida com creme de leite com sabor de infância e Letícia nos brindava com casquinhas de siri nos aniversários que até hoje nunca comi nada igual! São temperos, sabores e memórias que se enfileiram na saudade de um tempo que passou e a gratidão pelos dias que vivemos.
Tudo muito delicioso. E bota delícia nisso.
Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e de mente efervescente Edel.