JSNEWs – Milhares de migrantes que ingressaram nos Estados Unidos durante a administração de Joe Biden, utilizando o aplicativo CBP One para agendar pedidos de asilo, estão agora sendo notificados para deixar o país “imediatamente”. Aproximadamente 900 mil pessoas cruzaram a fronteira sul por pontos de entrada oficiais com o auxílio dessa ferramenta, recebendo permissão de “parole” — uma espécie de liberdade condicional imigratória — que lhes garantia dois anos de estadia e o direito de trabalhar legalmente. Contudo, a administração de Donald Trump, em um movimento que reflete sua promessa de intensificar deportações, começou a revogar esses status, ameaçando os afetados com ações legais caso não saiam voluntariamente.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) enviou mensagens aos migrantes, como uma obtida pela BBC afirmam: “É hora de você deixar os Estados Unidos. Se não partir imediatamente, estará sujeito a ações policiais que resultarão em sua remoção — a menos que tenha obtido outra base legal para permanecer aqui”. Outro comunicado, divulgado pela CBS News, reforça: “Não tente ficar, o governo federal irá encontrá-lo”. O aplicativo, antes chamado CBP One e agora renomeado CBP Home, passou a ser usado para facilitar “autodeportações”, pedindo que os migrantes confirmem se possuem recursos financeiros e passaporte válido para deixar o país.
Em nota, o DHS justificou a medida, alegando que “a administração Biden abusou da autoridade de parole para permitir a entrada de milhões de imigrantes ilegais, alimentando a pior crise de fronteira da história dos EUA”. “Cancelar esses paroles é uma promessa cumprida ao povo americano para proteger nossas fronteiras e segurança nacional”, acrescentou. A secretária Kristi Noem, segundo o departamento, tem plena autoridade para tais revogações. As notificações também cancelam benefícios associados, como autorizações de trabalho, e alertam para possíveis multas civis ou processos criminais.
Lançado em 2020 e ampliado sob Biden, o CBP One foi elogiado por reduzir detenções na fronteira e proteger solicitantes de asilo. Agora, porém, a política mudou drasticamente. Imigrantes de países como México, Honduras e El Salvador estão entre os notificados, por enquanto ucranianos e afegãos em programas específicos permanecem isentos. Paralelamente, a administração anunciou um registro nacional para migrantes indocumentados, exigindo endereço e impressões digitais, sob pena de sanções — uma medida que especialistas veem como logisticamente desafiadora.
Embora a segurança das fronteiras seja uma preocupação legítima, causa desconforto ver tamanha inflexibilidade imposta a indivíduos que, confiando em um sistema legal, buscaram refúgio ou oportunidades. A urgência da ordem de saída, somada às ameaças de “serem encontrados”, reflete uma abordagem que parece ignorar as circunstâncias humanas por trás de cada caso.