JSNEWS – Kristi Noem, secretária de Segurança Interna (DHS), anunciou que os cidadãos que ainda não atenderam aos requisitos para obter a Real ID poderão, temporariamente, viajar de avião, apesar do prazo para a nova identificação ter expirado nesta quarta-feira. A decisão, segundo Noem, visa evitar transtornos para aqueles que já compraram passagens, mas levanta questões sobre o que está por trás dessa flexibilização.
De acordo com o DHS, a Real ID é uma forma de identificação considerada mais segura, projetada para atender aos padrões federais que dificultam falsificações e impedem que indivíduos classificados como “perigosos” embarquem em voos comerciais. A secretária, conhecida por declarações polêmicas sobre questões de segurança e imigração, enfatizou a importância de reforçar o controle sobre quem acessa os aeroportos, o que pode gerar desconfiança sobre os verdadeiros alvos dessa política.

Embora a maioria dos viajantes – cerca de 81%, segundo Noem, em depoimento a um painel do Congresso – já possua a Real ID, uma parcela significativa da população, cerca de 19%, ainda não conseguiu ou não pôde obtê-la. Para esses viajantes, a secretária garantiu que será possível voar apresentando documentos alternativos, como um passaporte valido ou identificação tribal. No entanto, ela alertou que essas pessoas serão submetidas a uma “revisão adicional” nos terminais aéreos, conduzida pelas autoridades da Administração de Segurança de Transportes (TSA).
“Eles podem ser encaminhados para uma fila separada, com um passo extra no processo. Mas poderão voar. Vamos garantir que tudo ocorra da forma mais tranquila possível”, afirmou Noem. A falta de detalhes sobre o que essas “checagens adicionais” envolvem deixa margem para preocupação. Para quem não tem escolha a não ser viajar com documentos menos robustos, esse “passo extra” pode significar mais do que apenas um inconveniente – especialmente considerando o histórico de Noem em defender medidas duras contra aqueles que ela já rotulou como ameaças à segurança, como os imigrantes indocumentados.
A lei da Real ID, aprovada pelo Congresso em 2005 com base nas recomendações da Comissão do 11 de Setembro, estabelece padrões mais rigorosos para a emissão de documentos de identificação, como carteiras de motorista. Nos Estados Unidos, o Departamento de Veículos Motorizados (DMV) é responsável por emitir a Real ID, que pode ser obtida ao converter uma licença de motorista ou cartão de identificação. Contudo, nem todos têm acesso fácil a esse processo, seja por questões burocráticas ou por barreiras legais, o que pode expor certos viajantes a situações delicadas nos pontos de controle.
Enquanto o DHS apresenta a medida como uma solução temporária para evitar transtornos, a promessa de “fluidez” nas triagens contrasta com a possibilidade de consequências mais sérias para quem for pego desprevenido. Viajantes que dependem de documentos alternativos ou que enfrentam limitações para obter a Real ID fariam bem em planejar com cautela, considerando que um simples desvio para uma “fila diferente” pode trazer complicações inesperadas – talvez até um voo de volta que ninguém gostaria de fazer.