JSNEWS – A aliança entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o empreendedor Elon Musk, que começou com entusiasmo comparável ao lançamento de um foguete da SpaceX, terminou em uma ruptura tão intensa quanto pública. O ápice do conflito ocorreu nesta quinta-feira, com trocas de acusações que envolveram ameaças de Trump contra os contratos governamentais de Musk e alegações do empresário de que Trump estaria bloqueando a divulgação de documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein por estar citado neles.
O embate, que se desenrolou nas redes sociais de ambos, começou quando Trump, durante uma reunião na Casa Branca com o novo chanceler alemão, Friedrich Merz, foi questionado sobre as críticas de Musk a um projeto de lei de gastos. Musk, em sua plataforma X, vinha condenando o que chamou de “Big Beautiful Bill”, alertando que o projeto aumentaria o déficit federal. Trump, até então silencioso, respondeu no Salão Oval, declarando estar “muito desapontado com Musk”.
Em retaliação, o presidente usou sua rede social, Truth Social, para ameaçar cortar os contratos governamentais das empresas de Musk, Starlink e SpaceX, afirmando que isso economizaria “bilhões de dólares” ao orçamento.
Musk reagiu imediatamente no X: “Vá em frente, faça meu dia”. Horas depois, anunciou que a SpaceX começaria a desativar a espaçonave usada para transportar astronautas e cargas à Estação Espacial Internacional para a NASA. Em uma escalada ainda mais grave, Musk afirmou, sem apresentar provas, que Trump estaria nos arquivos de Epstein, sugerindo que isso explicaria a não divulgação dos documentos.
A ruptura impactou diretamente os negócios de Musk. Após as críticas de Trump, as ações da Tesla despencaram mais de 14%, reduzindo o valor de mercado da empresa em cerca de US$ 150 bilhões e custando a Musk aproximadamente US$ 20 bilhões de sua fortuna pessoal.
A relação entre os dois magnatas, marcada por intensidade desde o início, começou quando Musk anunciou apoio a Trump após uma tentativa de assassinato contra o então candidato em um comício na Pensilvânia, em julho passado. Musk investiu pelo menos US$ 250 milhões na campanha de Trump e ganhou influência significativa, participando de reuniões do gabinete e até dormindo na Casa Branca. Contudo, a parceria, que incluiu gestos públicos como a compra de um Tesla vermelho por Trump, desmoronou em menos de um ano.
Musk intensificou o tom ao afirmar que, sem seu apoio, Trump teria perdido a eleição, acusando-o de ingratidão. Trump, por sua vez, minimizou a contribuição do empresário, incluindo uma loteria de US$ 1 milhão por dia para eleitores na Pensilvânia, e sugeriu que Musk sofre de “síndrome de desarranjo de Trump”. O presidente também criticou a indicação de Jared Isaacman, promovida por Musk, para liderar a NASA, chamando-o de “totalmente democrata” após retirar sua nomeação.
Enquanto o drama se desenrolava, assessores da Casa Branca acompanhavam com curiosidade as reações nas redes sociais, acreditando que o embate, como outros conflitos digitais de Trump, pode favorecê-lo politicamente. No estacionamento da Casa Branca, o Tesla vermelho de Trump permanecia parado, um símbolo silencioso de uma aliança que, por ora, parece irremediavelmente rompida.
In light of the President’s statement about cancellation of my government contracts, @SpaceX will begin decommissioning its Dragon spacecraft immediately pic.twitter.com/NG9sijjkgW
— Elon Musk (@elonmusk) June 5, 2025