JCEDITORES – O Departamento de Segurança Interna (DHS) respondeu com firmeza a acusações de que um agente do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) exibiu uma tatuagem associada ao supremacismo branco durante uma operação em Martha’s Vineyard, Massachusetts, destacando como símbolos culturais podem ser mal interpretados em um contexto politicamente polarizado. A controvérsia surgiu após uma operação na última semana, na qual 40 indivíduos foram detidos na ilha, conhecida por sua comunidade brasileira que contribui para setores como turismo e construção.
Durante a ação um residente local, gravou um vídeo confrontando os agentes e postou no Instagram, apontando que um deles tinha uma tatuagem de Valknot, símbolo nórdico ligado ao deus Odin, que ele alegou ser “frequentemente usado por grupos de supremacia branca”.
Tricia McLaughlin, porta-voz do DHS, classificou as alegações como uma “tentativa de difamação” em uma postagem no X, defendendo o agente, um veterano de combate. Ela esclareceu que a tatuagem é uma homenagem a “guerreiros caídos”, prática comum entre militares que adotam a cultura viking nórdica, e afirmou que “tentar retratar essa tatuagem como um símbolo de supremacia branca é falso, patético e um insulto aos veteranos”. O ICE reforçou que o agente possuía a tatuagem antes de ingressar na agência e que ele “não tem nenhuma conexão com supremacismo branco”, reconhecendo que o Valknot foi apropriado por alguns grupos extremistas, mas destacando sua origem cultural.
A Liga Anti-Difamação (ADL) corrobora essa visão, explicando que o Valknot, composto por três triângulos entrelaçados, é um símbolo ancestral da mitologia nórdica, associado à bravura e espiritualidade, mas que foi cooptado por alguns supremacistas brancos, como odinistas racistas.
A ADL enfatiza, no entanto, que pagãos não racistas também o utilizam, e seu significado depende do contexto, não devendo ser automaticamente associado a racismo. Um exemplo de má interpretação é o caso de Jacob Chansley, o “Xamã do QAnon”, que participou da invasão do Capitólio em 2021 e tem o símbolo tatuado, o que reforçou associações negativas em alguns círculos.
A polêmica lembra um caso recente envolvendo o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, criticado por sua tatuagem com a frase latina “Deus Vult”, um lema cristão medieval apropriado por extremistas. O vice-presidente JD Vance defendeu Hegseth, chamando as críticas de “intolerância anticristã”.
Esses episódios ilustram como a polarização política pode distorcer símbolos culturais e religiosos, transformando-os em armas de narrativas divisivas.
Em Martha’s Vineyard, a operação do ICE, que visava indivíduos com ordens de deportação ou antecedentes criminais, segundo o The Boston Globe, gerou tensões na comunidade, amplificadas por acusações que o DHS considera infundadas.
A ilha, que depende economicamente de imigrantes brasileiros, já esteve no centro de controvérsias, como em 2022, quando o governador da Flórida, Ron DeSantis, enviou imigrantes venezuelanos para lá em uma manobra política.
O caso evidencia a necessidade de analisar símbolos como o Valknot com discernimento, respeitando seu contexto histórico e as intenções de quem os porta. O DHS deu sua reposta de forma clara, reafirmando o compromisso de seus agentes com a segurança pública e rejeitando tentativas de deslegitimar seu trabalho com acusações precipitadas.
Em um ambiente polarizado, é essencial evitar generalizações que distorçam heranças culturais em narrativas de ódio.
Liga Anti-Difamação (ADL): Informações sobre o Valknot.