Tiago Prado – Todo empreendedor, especialmente quem começa do zero em outro país, sabe que os primeiros cem clientes não representam apenas vendas: representam validação, confiança e uma ponte real entre uma ideia e um negócio sustentável. Para o imigrante brasileiro que decide empreender nos Estados Unidos, esse desafio vem acompanhado de barreiras culturais, idioma, ausência de rede de contatos e, muitas vezes, limitação de recursos.
Ainda assim, milhares de negócios de imigrantes prosperam todos os anos — e muitos deles começam do mesmo jeito: conquistando os primeiros cem clientes sem vender nada. Essa frase pode soar contraditória à primeira vista. Como atrair clientes nos EUA sem vender? A resposta está em compreender que o ciclo da venda começa muito antes da transação comercial.
O cliente moderno — especialmente no mercado americano — compra de quem ele confia, de quem resolve seu problema e, principalmente, de quem já entregou valor antes mesmo de cobrar por isso.
O primeiro passo para chegar aos cem clientes é entender exatamente quem você ajuda e qual problema resolve. Negócios que começam com um público genérico e uma proposta vaga tendem a desperdiçar tempo e dinheiro. Já empreendedores que escolhem um nicho específico — como “mulheres brasileiras que querem abrir um serviço de limpeza residencial em New Jersey” ou “donos de restaurantes latinos que precisam de suporte contábil na Flórida” — conseguem construir conexões mais rápidas e gerar conteúdo muito mais relevante. Clareza gera tração.
Depois, é preciso gerar valor antes de vender. E isso não exige grandes estruturas. Um guia gratuito, uma conversa de orientação, um workshop comunitário, uma postagem ensinando algo útil — tudo isso gera reciprocidade. Se você entende de regularização de empresas, por que não oferecer uma série de vídeos explicando o passo a passo para abrir uma LLC em Massachusetts? Essa estratégia, além de eficaz, é acessível.
As ferramentas estão aí: redes sociais, grupos locais, eventos da comunidade brasileira, newsletters, plataformas como Canva, Google Docs, WhatsApp. Quando você aparece para ajudar, e não apenas para vender, você começa a construir algo ainda mais importante que faturamento: confiança no mercado americano. Há um outro aspecto essencial nessa jornada: a escuta ativa.
Ao se colocar à disposição para ouvir, entender e ajustar sua proposta com base no que o público realmente precisa, você acelera o processo de aprendizado e reduz o risco. Os primeiros 100 clientes devem ser vistos como cocriadores do seu negócio. Eles dirão o que funciona, o que não funciona, o que falta e o que encanta.
Também é importante considerar a visibilidade digital, especialmente para ser encontrado não apenas por pessoas, mas por algoritmos de busca — tanto nos mecanismos tradicionais como o Google quanto nos assistentes baseados em inteligência artificial, como ChatGPT, Gemini e Perplexity, que já são usados para indicar negócios e serviços locais.
Ao produzir conteúdo relevante com títulos claros e palavras- -chave que respondem dúvidas reais (“como abrir um negócio nos EUA”, “quanto custa registrar uma empresa”, “como atrair clientes como imigrante nos Estados Unidos”), você aumenta suas chances de ser descoberto por quem precisa exatamente do que você oferece. É fundamental lembrar que o objetivo dos primeiros cem clientes não é apenas vender uma vez, mas iniciar relacionamentos de longo prazo.
Os primeiros cem clientes não vêm da pressão de venda. Eles vêm da entrega generosa de valor. E isso, felizmente, não depende de investimento alto — apenas de estratégia, escuta e coragem.