JCEDITORES – O bombardeio ordenado por Donald Trump contra instalações nucleares iranianas em 21 de junho jogou lenha na fogueira política americana. Democratas radicais, como Alexandria Ocasio-Cortez (AOC) e Bernie Sanders, saíram atirando, pedindo impeachment por suposta violação constitucional. Mas o cenário é claro: com o Congresso nas mãos dos republicanos, o Irã como inimigo declarado e a operação sem escalada para guerra, Trump está praticamente imune.
Vamos direto aos fatos.
Na última sexta-feira, os EUA, sob comando de Trump, destruíram três alvos nucleares no Irã – Fordow, Natanz e Isfahan – com bombas “bunker-buster” e mísseis Tomahawk. A ação, alinhada com Israel, foi vendida como necessária para barrar o programa nuclear iraniano, uma ameaça de décadas. Trump avisou líderes republicanos, como Mike Johnson, mas deixou democratas como Chuck Schumer no escuro até depois do ataque.
AOC e Sanders acusam Trump de pisar na Constituição e na Lei de Poderes de Guerra de 1973, que exige consulta ao Congresso para ações militares de peso. O argumento tem base jurídica, mas esbarra em um muro político.
Primeiro, o Congresso é um feudo republicano. A Câmara, onde o impeachment começa, exige maioria simples – 218 dos 435 deputados – para aprovar artigos contra Trump. Com o GOP unido ao presidente, isso é um sonho distante.
No Senado, a condenação precisa de dois terços – 67 dos 100 senadores –, algo impensável com a maioria republicana. Johnson, presidente da Câmara, já deu o tom: o ataque foi “legítimo” para proteger interesses americanos. Mesmo vozes dissonantes, como Marjorie Taylor Greene, não têm força para rachar o partido.
Segundo, AOC, Sanders e o chamado “Squad” – figuras como Rashida Tlaib e Ilhan Omar – carregam o peso de suas críticas a Israel, um aliado sagrado para a maioria dos americanos. AOC, barrada em Israel em 2019 por apoiar o movimento de boicote, e Sanders, que já defendeu cortar ajuda militar ao país, são alvos fáceis para a narrativa republicana de que o impeachment é movido a ideologia, não a defesa da Constituição.
O ataque ao Irã, visto como um favor a Israel contra um inimigo comum, tem apoio até de democratas moderados, que temem o programa nuclear de Teerã. Essa percepção transforma os pedidos de impeachment em barulho de uma minoria radical e barulhenta.
Terceiro, o Irã não é um coitadinho. Desde a queda do Xá em 1979, o regime aiatolá chama os EUA de “Grande Satã”, financia grupos como o Hezbollah e ameaça Israel com destruição. Seu histórico de ataques a interesses americanos, como o apoio a milícias no Iraque, dá munição à Casa Branca para justificar a operação. Trump, esperto, não mobilizou tropas nem alistou reservistas. Foi um ataque cirúrgico, sem escalada para guerra. Sem retaliação iraniana significativa, a crise não ganha corpo, e o impeachment perde urgência.
Por fim, o histórico joga contra os democratas. Trump já sobreviveu a dois impeachments (2019 e 2021), ambos arquivados pelo Senado. A repetição do roteiro reforça a ideia de que AOC e Sanders buscam holofotes para 2026, quando tentam reconquistar a Câmara. Sem uma catástrofe – uma guerra total ou perdas americanas graves –, Trump segue intocável, rindo da gritaria progressista.


