JUNOT (Crônicas Disruptivas) – A U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) intensifica o uso de reconhecimento facial para identificar indocumentados, empregando tecnologias avançadas que permitem verificar identidades sem abordagens físicas, reduzindo constrangimentos a cidadãos americanos. Em 2025, ferramentas como Clearview AI e Nexa|Face, com precisão superior a 99% em condições ideais, cruzam imagens capturadas por câmeras de vigilância com bancos de dados federais, como o Automated Biometric Identification System (IDENT) e o NCIC do FBI.
A estratégia foca em alvos com antecedentes criminais, segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS). Projetos-piloto em cidades como El Paso e San Diego utilizam câmeras em locais de trânsito de pedestres para escanear rostos em tempo real, minimizando interações diretas e tornando a fiscalização quase imperceptível. A possibilidade de integrar bases estaduais, como as de carteiras de motorista, paira como uma opção técnica, mas não é o foco atual, evitando tensões públicas desnecessárias. A inteligência artificial sustenta essa eficiência, analisando dados em frações de segundo e garantindo que a aplicação da lei seja precisa e discreta.
A empresa Palantir Technologies desempenha um papel central nessa infraestrutura, fornecendo plataformas de análise preditiva que direcionam operações da ICE a áreas de maior probabilidade de presença de alvos. Fundada por Peter Thiel, um influente apoiador do ex-presidente Donald Trump no Vale do Silício, a Palantir combina big data e inteligência artificial para criar sistemas que mapeiam padrões e antecipam movimentos.

Thiel, conhecido por sua visão de tecnologia como ferramenta de ordem social, transformou a Palantir em uma potência que atende agências como a ICE e o Departamento de Defesa, com contratos que superam US$ 200 milhões em 2024. Sua filosofia, que une inovação e segurança, alinha-se à ideia de uma sociedade onde a liberdade coexiste com uma vigilância silenciosa, possibilitada por algoritmos que operam nas sombras. A influência de Thiel no governo reforça a confiança da ICE em soluções tecnológicas para problemas complexos, como a imigração ilegal.
Essa abordagem cria uma nova dinâmica social, onde a presença constante de câmeras e algoritmos monitora sem alarde, garantindo a aplicação da lei sem a necessidade de confrontos diretos. Agentes da ICE, equipados com dispositivos móveis como o HSI SEEK, identificam suspeitos em segundos, usando imagens de fontes públicas ou sistemas governamentais. Até 2026, a agência planeja treinar 80% de seus 20 mil agentes em biometria, consolidando um modelo onde a fiscalização se torna onipresente, mas quase invisível. A inteligência artificial elimina a necessidade de pedir documentos em abordagens públicas, reduzindo o desconforto para cidadãos e residentes legais. Em vez de paradas aleatórias, a vigilância opera em segundo plano, cruzando dados em tempo real para localizar indivíduos com ordens de deportação ou antecedentes criminais, como os 66% de indocumentados de origem latino-americana estimados pelo Pew Research Center.
Apesar da eficiência, desafios persistem. A resistência de algumas cidades, que limitam o compartilhamento de dados, e pequenas taxas de erro em condições adversas exigem verificações manuais. Ainda assim, a ICE avança para padronizar o reconhecimento facial até 2027, integrando-o à infraestrutura urbana existente, como câmeras de trânsito em Miami e Los Angeles. Esse sistema, apoiado por parcerias com a Palantir, sugere uma sociedade onde a segurança é mantida por uma rede de vigilância sutil, garantindo a liberdade sob o olhar atento da tecnologia, sem alarde, mas com eficácia.