
– No dia 25 de junho, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, sob a administração Trump, anunciou sanções contra três instituições financeiras mexicanas – o CIBanco, com US$ 7 bilhões em ativos, o Intercam Banco, com cerca de US$ 4 bilhões, e a Vector Casa de Bolsa, que gerencia aproximadamente US$ 11 bilhões – acusadas de facilitar a lavagem de dinheiro para cartéis como o de Jalisco Nueva Generación e o do Golfo.
Embora não haja confirmação pública de que essas instituições estejam diretamente ligadas aos cartéis, as sanções expõem o poder avassalador das organizações criminosas mexicanas, que movimentam bilhões de dólares em tráfico de drogas, especialmente fentanil, alimentando a crise dos opioides nos EUA. Essa crise, que matou cerca de 80 mil pessoas por overdose em 2021, custa aos EUA mais de US$ 1 trilhão anualmente em despesas de saúde, justiça e perdas econômicas.
No México, o domínio dos cartéis vai além do tráfico: eles controlam territórios, extorquem indústrias como a do abacate e do petróleo, e desafiam a soberania do Estado, levantando a sombra de um narcoestado onde o crime organizado se infiltra nas estruturas de poder.
Hoje é impossível ignorar como o México ilustra o que acontece quando o narcotráfico se enraíza profundamente. Os cartéis mexicanos, como o de Sinaloa e o Jalisco Nueva Generación, não são apenas gangues armadas; são conglomerados econômicos que lucram com drogas, extorsão e até atividades aparentemente legítimas, como o roubo de combustível da Pemex, que rende milhões ao CJNG.
Esse poderio financeiro e territorial permite que os cartéis operem como um “Estado paralelo”, corrompendo autoridades, infiltrando-se em instituições e controlando comunidades inteiras. A resposta mexicana, sob o governo de Claudia Sheinbaum, reflete a tensão de um país que, apesar de combater o crime, enfrenta dificuldades para desmantelar essas redes sem ceder à pressão externa dos EUA, que impõem sanções sem apresentar evidências públicas detalhadas. Essa dinâmica revela um México preso entre a soberania nacional e a influência avassaladora dos cartéis, que exploram as fragilidades institucionais para prosperar. A crise dos opioides nos EUA, alimentada pelo fentanil traficado pelos cartéis, é um dos motores dessas sanções.
O narcotráfico mexicano abastece um mercado que destrói vidas e comunidades americanas, com 70 mil mortes por overdose em 2024, segundo o CDC, e impactos econômicos devastadores. Os cartéis, com sua logística sofisticada, utilizam rotas globais – muitas vezes com precursores químicos vindos da China – para produzir e distribuir drogas em escala industrial. Essa máquina criminosa não apenas financia a violência, mas também corrói a confiança nas instituições mexicanas, alimentando a percepção de um narcoestado onde o crime dita as regras em vastas regiões.
As sanções, embora focadas em cortar o fluxo financeiro dos cartéis, expõem a dificuldade de enfrentar um problema transnacional sem cooperação genuína, já que as ações unilaterais dos EUA geram atritos com o México, que critica a falta de diálogo e a ameaça à sua economia, a maior parceira comercial dos americanos.
O Brasil, em um silêncio perigoso, caminha na corda bamba rumo a um destino semelhante. Organizações criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) ou Comando Vemelho (CV), dentre outras, já não são apenas facções; elas são uma força transnacional que controlam rotas de drogas, infiltram-se em portos e corrompem o que encontra pelo caminho.
Se o Brasil não acordar para essa ameaça, o futuro pode ser sombrio: um narcoestado onde facções ditam as regras, como no México, e onde sanções internacionais, como as impostas ao CIBanco, Intercam e Vector, poderiam atingir bancos brasileiros, estrangular a economia e manchar a reputação do país. Imagine o impacto: exportações de soja e carne paralisadas, investidores fugindo, comunidades reféns da violência. O PCC e o C já domina regiões e ameaça instituições; sem um combate firme, o Brasil pode ver suas ruas sangrarem como as do México, com famílias destruídas e um Estado humilhado por um inimigo que não teme leis.
A violência, que já assola comunidades dominadas por facções, escalaria, e a soberania nacional seria desafiada por um crime organizado cada vez mais poderoso, capaz de rivalizar com o Estado. O caso mexicano é um alerta para o Brasil. A força dos cartéis, que transformam lucros ilícitos em influência política e econômica, mostra como o narcotráfico pode corroer as estruturas de um país. Sem políticas públicas adequadas, combate à corrupção e cooperação internacional equilibrada, o Brasil corre o risco de ver suas instituições fragilizadas e sua economia sob ameaça, repetindo o drama de um México que luta para não ser definido como um narcoestado.
A lição é clara: o crime organizado não respeita fronteiras, e ignorá-lo é abrir as portas para um futuro onde o Estado se curva ao poder paralelo.