
A crise migratória durante a administração Biden expôs, de maneira devastadora, a fragilidade de menores desacompanhados que cruzaram a fronteira dos Estados Unidos e foram entregues a “*Patrocinadores” (veja nota no fim da reportagem) sem a devida verificação, conforme revelado pelo Departamento de Segurança Interna (DHS). Embora o fenômeno migratório não tenha sido criado pelo governo Biden, suas políticas lenientes de gerenciamento de fronteiras intensificaram um cenário de vulnerabilidade, deixando crianças expostas a abusos, exploração e negligência em um sistema que falhou em protegê-las.
Em fevereiro de 2025, o DHS lançou uma iniciativa nacional de proteção ao bem-estar infantil, buscando identificar e localizar menores em risco colocados com “Patrocinadores” inadequados, alguns dos quais pagos por contrabandistas para assumir a guarda dessas crianças. A constatação é alarmante: a ausência de salvaguardas eficazes durante a administração Biden permitiu que crianças fossem entregues a indivíduos que, em casos extremos, possuíam material de abuso sexual infantil, forçavam menores ao trabalho exploratório ou os submetiam a condições de vida degradantes.
Registros também revelaram “Patrocinadores” com histórico de crimes graves, como tentativa de homicídio, prostituição e tráfico de drogas. Mais chocante ainda, em situações extremas, “Patrocinadores” que se apresentaram falsamente como familiares engravidaram meninas desacompanhadas colocadas sob seus cuidados, conforme apontado pelo DHS e por Chris Clem, ex-chefe da Patrulha de Fronteira em Yuma, Arizona.
Nos Estados Unidos, a crise migratória não é apenas um problema de fronteira, mas um reflexo de falhas estruturais que desumanizam os mais vulneráveis. As crianças, muitas vezes fugindo da violência, da pobreza extrema ou do abandono em seus países de origem, chegam aos EUA em busca de proteção, mas encontram um sistema incapaz de garantir sua segurança. A política migratória de Biden, marcada por uma abordagem mais branda em comparação com a rigidez da administração anterior, falhou em equilibrar compaixão com responsabilidade. A ausência de triagem rigorosa de “Patrocinadores” e a desmontagem de mecanismos como a verificação biométrica, implementados anteriormente, expuseram essas crianças a predadores, traficantes e negligência sistêmica.
Chris Clem, com sua experiência na Patrulha de Fronteira, sublinhou a necessidade inquestionável de proteger essas crianças, independentemente de posições ideológicas. Ele destacou que a precariedade das informações e o acúmulo de casos dificultaram a resposta do governo, mas a raiz do problema reside na incapacidade de priorizar a segurança dos menores em um contexto de fluxo migratório intenso. Dados da Federação para a Reforma da Imigração Americana (FAIR) estimam que, até março de 2025, cerca de 18,6 milhões de imigrantes ilegais residiam nos EUA, um aumento de 28,2% desde dezembro de 2020, evidenciando o impacto das políticas de fronteira menos restritivas.
A redução drástica na liberação de migrantes em maio de 2025, com zero liberações registradas pela Patrulha de Fronteira, contrasta com os 62 mil liberados no mesmo período do ano anterior, sinalizando uma reação tardia às críticas e à pressão pública que nos obriga a questionar: quem são essas crianças? São números em relatórios ou seres humanos com histórias, medos e esperanças?
A negligência em verificar esses “Patrocinadores” reflete uma falha moral e política, que transforma a promessa de um refúgio seguro em uma armadilha para os mais frágeis. A leniência nas políticas de Biden, embora motivada por uma retórica de acolhimento, resultou em consequências trágicas, expondo menores a abusos que poderiam ter sido evitados com maior rigor administrativo. O endurecimento das leis migratórias, observado em 2025, é uma resposta direta a esse passivo migratório, um fato inegável que reflete a insatisfação com a gestão de fronteiras e a necessidade de proteger as vítimas de um sistema falho.
Os agentes da Divisão de Investigações de Segurança Interna (HSI) do ICE têm realizado verificações de bem-estar para avaliar as condições de vida desses menores, mas tais medidas chegam tarde para muitos. A desmontagem de salvaguardas como a triagem rigorosa de “Patrocinadores”, promovida pela administração anterior, contribuiu para as consequências agora enfrentadas. Adultos em situação migratória irregular encontrados durante essas verificações são detidos para deportação, enquanto os menores são transferidos para o Escritório de Reassentamento de Refugiados, mas o processo revela um sistema sobrecarregado e incapaz de atender à magnitude da crise.
A crise migratória nos EUA é mais do que um debate político; é uma tragédia humana. A proteção das crianças migrantes não pode ser sacrificada em nome de ideologias ou políticas mal implementadas. A administração Biden, ao priorizar uma abordagem mais branda, negligenciou a responsabilidade de proteger os mais vulneráveis, perpetuando um ciclo de violência e abandono. A resposta, agora, deve ir além de endurecer leis; deve reconstruir um sistema que coloque a dignidade humana acima de tudo.
Nota sobre a Terminologia: “Patrocinador” vs. “Tutor” – No contexto migratório dos EUA, “patrocinador” (tradução de “sponsor”) refere-se a indivíduos que assumem a responsabilidade de acolher menores desacompanhados, sem necessariamente terem guarda legal formal. O termo “tutor” implica uma responsabilidade jurídica mais formal, como em casos de guarda de órfãos, o que não reflete plenamente a realidade descrita, onde muitos “sponsors” não foram verificados. Optou-se por “patrocinador” para maior fidelidade ao texto original e precisão técnica.
Fontes:
Fox News: “DHS reveals abuse of unaccompanied minors placed with unvetted sponsors under Biden.” Publicado em 2 de julho de 2025. https://www.foxnews.com/politics/dhs-reveals-abuse-unaccompanied-minors-placed-unvetted-sponsors
The New York Times: “Checks on Migrant Children by Homeland Security Agents Stir Fear.” Publicado em 28 de maio de 2025. https://www.nytimes.com/2025/05/28/us/migrant-children-homeland-security-checks.html
The Washington Post: “DHS ends temporary protected status for Haitians, opening way for deportations.” Publicado em 28 de junho de 2025. https://www.washingtonpost.com/immigration/2025/06/28/dhs-ends-temporary-protected-status-haitians/
Department of Homeland Security (DHS): https://www.dhs.gov/newsroom