
Em um movimento que reforça os laços bilaterais entre Argentina e Estados Unidos, o governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei, formalizou, em 28 de julho de 2025, uma carta de intenções para reintegrar o país ao Visa Waiver Program (VWP), que permite viagens de até 90 dias aos EUA sem a necessidade de visto. A assinatura ocorreu durante a visita da secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, a Buenos Aires, simbolizando um marco na crescente amizade entre as administrações de Milei e do presidente americano Donald Trump.
— Oficina del Presidente (@OPRArgentina) July 28, 2025
A iniciativa de isenção de vistos reflete o fortalecimento das relações entre Buenos Aires e Washington. Durante o encontro, Noem destacou a “amizade crescente” entre os dois países, enquanto Trump elogiou as reformas de desregulamentação de Milei, que têm alinhado a Argentina a políticas econômicas e de segurança compatíveis com os interesses americanos. A Argentina, que já integrou o VWP entre 1996 e 2002, agora trabalha para cumprir os rigorosos requisitos do programa, como taxa de rejeição de vistos inferior a 3%, emissão de passaportes biométricos e cooperação em segurança. Dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) mostram que os argentinos têm a menor taxa de permanência irregular entre latino-americanos, o que fortalece a candidatura do país.
A carta de intenções é um passo inicial, mas significativo. Caso bem-sucedida, a medida permitirá que argentinos solicitem apenas uma Autorização Eletrônica de Viagem (ESTA), simplificando o acesso aos EUA para turismo e negócios. A iniciativa também sinaliza confiança mútua: a Argentina recentemente flexibilizou vistos para cidadãos chineses com permissões americanas, demonstrando alinhamento com as políticas de mobilidade dos EUA.
Brasil: Um Isolamento Prejudicial
Enquanto a Argentina avança, o Brasil permanece à margem de avanços diplomáticos com os Estados Unidos. O governo Lula, em seu terceiro mandato, tem mantido uma relação marcada por tensões e falta de sinergia com Washington. Desde o início de 2023, a administração brasileira adotou uma postura crítica aos EUA em fóruns internacionais, priorizando alianças com países como China e Rússia no âmbito dos BRICS, o que gerou desconforto em Washington.
Declarações de Lula questionando políticas americanas, como sanções econômicas e intervenções em conflitos globais, contrastam com a abordagem pragmática de Milei, que busca parcerias estratégicas com os EUA para atrair investimentos e fortalecer a economia argentina.
A ausência de diálogo construtivo impede o Brasil de avançar em negociações para o VWP, um benefício que facilitaria o acesso de brasileiros aos EUA e impulsionaria o turismo e os negócios bilaterais. O Brasil, que nunca integrou o programa, enfrenta desafios como uma taxa de rejeição de vistos superior ao limite exigido e problemas de segurança pública que dificultam a cooperação exigida pelo DHS. Além disso, a falta de esforços diplomáticos para alinhar políticas de imigração e segurança com os EUA reflete uma oportunidade perdida em um momento em que a região busca maior integração com a maior economia do mundo.
A postura do governo brasileiro é não apenas um obstáculo para benefícios práticos, como a isenção de vistos, mas também um reflexo de uma estratégia diplomática que prioriza alinhamentos ideológicos em detrimento de ganhos concretos para a população. Enquanto Milei capitaliza sua aproximação com Trump para posicionar a Argentina como parceiro confiável, o Brasil de Lula parece preso a uma visão que subestima a importância de laços estratégicos com os EUA. Essa abordagem resulta em isolamento econômico e político, com impactos diretos na competitividade do país e na qualidade de vida dos brasileiros, que enfrentam longos processos e custos elevados para obter vistos americanos.
Embora o caminho para a Argentina reintegrar o VWP seja longo, envolvendo ajustes técnicos e legislativos, o progresso sinaliza uma relação de confiança que pode render outros benefícios, como acordos comerciais e maior cooperação em segurança. Para o Brasil, o contraste com a Argentina serve como alerta: sem uma mudança de postura que priorize o pragmatismo e o diálogo com os EUA, o país continuará a perder oportunidades de facilitar a mobilidade de seus cidadãos e fortalecer sua posição no cenário global.
A iniciativa argentina é um lembrete de que a diplomacia, quando bem conduzida, pode abrir portas. Resta saber se o Brasil aprenderá com o exemplo do vizinho ou continuará refém de uma política externa que, até agora, tem se mostrado incapaz de entregar resultados concretos para sua população.