JSNEWS – No último domingo, 03, os membros do sindicato Teamsters Local 25 decidiram, com esmagadora maioria de 93%, manter a greve contra a gigante do setor de resíduos Republic Services, enquanto as negociações seguem em um beco sem saída. A paralisação, que já dura mais de um mês, mostra que os trabalhadores estão cada vez mais firmes, segundo o presidente do sindicato, Tom Mari, que destacou que o apoio à greve só cresceu desde o início, há seis semanas.
O sindicato está na briga por salários melhores e benefícios mais robustos, querendo equiparar o pagamento ao que os Teamsters conseguiram em contratos com a Capitol Waste Services e a Star Waste Systems. Mari criticou a Republic Services por não sentar para negociar há mais de 15 dias e por não oferecer condições à altura do que o sindicato espera. “O voto massivo para continuar a greve é um recado claro para a sede da empresa em Phoenix”, afirmou Mari, reforçando que as demandas não são só da mesa de negociação, mas de todos os trabalhadores.
A última reunião entre o sindicato e a empresa, com a presença de um mediador federal, aconteceu no dia 18 de julho e terminou sem avanços. Até agora, não há nova data marcada para retomar as conversas. A Republic Services ofereceu um aumento imediato de 16%, com reajustes que chegariam a 43% ao longo de cinco anos, o que levaria os motoristas da região de Boston a ganhar cerca de R$700 mil por ano (considerando a conversão para reais) ao final do contrato. Mesmo assim, o sindicato recusou a proposta, dizendo que ela ainda fica “alguns trocados” abaixo de outros contratos. Outro ponto de atrito é a cobertura de saúde.
A Republic Services afirma que seu plano, sem custos de mensalidade, oferece benefícios de primeira para seus 450 funcionários sindicalizados. Já o sindicato defende que seu plano é mais completo, cobrindo itens como plano odontológico, clínicas dentárias próprias, seguro de vida, auxílio por incapacidade temporária, aparelhos auditivos e seguro-saúde para aposentados. A briga também foi parar na justiça. A Republic Services processou o sindicato, alegando que os grevistas estão descumprindo a lei, com atos como cortar pneus de caminhões, bloquear a coleta de lixo, furtar veículos e intimidar trabalhadores não sindicalizados, além de acusações de assédio racista e homofóbico.
O juiz federal Brian Murphy negou, pela segunda vez, o pedido da empresa por uma ordem de restrição e liminar, afirmando que não havia provas suficientes para mudar sua decisão anterior. Por outro lado, cidades afetadas pela greve — Beverly, Canton, Danvers, Gloucester, Malden e Peabody — processaram a Republic Services para obrigá-la a cumprir os contratos de coleta, mas a juíza Kathleen McCarthy-Neyman, do Tribunal Superior de Essex, também negou o pedido, dizendo que a corte não pode interferir na disputa trabalhista.
A Republic Services garante que está tentando manter o serviço, com 90% das suas 180 rotas na Grande Boston cobertas por trabalhadores não sindicalizados. Mesmo assim, a empresa reclama que as ações do sindicato estão atrapalhando tudo. Jake Anderson, chefe de operações da companhia na região, disse ao jornal Boston Herald que, embora tenham condições de atender 100% dos clientes, o sindicato continua bloqueando os caminhões. A pressão política também está pegando fogo.
Toda a bancada federal de Massachusetts, a governadora Maura Healey, outros autoridades estaduais, a prefeita de Boston, Michelle Wu, e lideranças das cidades afetadas mandaram cartas ao presidente da Republic Services, Jon Vander Ark, cobrando uma negociação séria para acabar com a greve e colocar os trabalhadores de volta ao batente. Enquanto a paralisação continua, a prefeita Wu avisou que a fiscalização de Boston vai multar a Republic Services diretamente por causa do lixo que está se acumulando nas ruas.Com os dois lados de pé firme, a solução para o impasse ainda parece estar bem longe.