
Boston, 18 de Agosto de 2025 – As políticas de santuário, criadas para proteger imigrantes indocumentados de abusos e deportações injustas estão no centro de um debate acalorado nos Estados Unidos. Originalmente, essas leis buscavam fomentar a confiança entre comunidades imigrantes e autoridades locais, incentivando a denúncia de crimes sem o temor de represálias do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE). Contudo, quando cidades se recusam a colaborar com o ICE, mesmo em casos de crimes graves, os resultados podem ser trágicos, comprometendo a segurança pública e prejudicando a imagem das próprias comunidades imigrantes.
O caso de Rolando Ico-Choc em Freeport, Illinois, é um exemplo recente de como as politicas de proteção aos imigrantes podem gerar distorções. Em 9 de agosto de Agosto, Rolando, um guatemalteco de 30 anos, dirigindo em alta velocidade, colidiu frontalmente com o veículo de Darcy Brunner, uma americana de 61 anos, que faleceu no local. Segundo o ICE, ele acumulava uma extensa ficha criminal, com prisões por dirigir sob influência de álcool, violência doméstica, resistência à autoridade e colocar em risco a vida de uma criança (Fonte: ICE).
Por sete vezes, o ICE solicitou sua custódia às autoridades locais, mas a Illinois Trust Act, lei de santuário do estado, impediu a colaboração. Após uma condenação por dirigir embriagado em janeiro de 2025, ele recebeu apenas sete dias de prisão e foi liberado. Meses depois, a vida de Darcy foi ceifada.
Este caso expõe como a recusa em entregar criminosos reincidentes pode custar caro gerando perdas evitáveis.
A comunidade brasileira em Massachusetts também tem seus casos que não podem deixar de serem lembrados. Em Framingham o imigrante brasileiro Weliton P. S., de 39 anos, preso pelo ICE em 26 de janeiro de 2025, reflete o mesmo dilema. Acusado de agredir um familiar, ele já havia sido detido em 2023 pelo mesmo delito, mas as autoridades locais ignoraram o pedido de custódia do ICE e o libertaram (Fonte: ICE). Esse é apenas um de muitos outros casos envolvendo imigrantes brasileiros nos Estados Unidos.
Em Los Angeles, onde a comunidade mexicana sustenta a economia local, Juan García-López, de 34 anos, acusado de agressão sexual, foi libertado em 2023 após pagamento de fiança, apesar de um pedido do ICE, conforme permitido pela California Values Act. Meses depois, ele cometeu outro crime violento, alimentando críticas de que tais políticas protegem criminosos em vez de vítimas (Fonte: ICE).
Em Miami, a comunidade haitiana, essencial em setores como saúde e construção, enfrentou o caso de Pierre Jean, de 41 anos, preso em 2024 por roubo à mão armada. Anteriormente liberado após uma prisão por agressão, ignorando um detainer do ICE, ele feriu uma vítima, intensificando o preconceito contra os haitianos. Já em Houston, onde centro-americanos como salvadorenhos são numerosos, Carlos Ramírez, de 29 anos, solto após acusação de violência doméstica, causou um acidente fatal em 2024, devido à recusa local em colaborar com o ICE (Fonte: ICE). Esses episódios revelam um padrão: a proteção a imigrantes, quando mal calibrada, permite que criminosos permaneçam livres, gerando insegurança e reforçando estereótipos que pesam sobre comunidades inteiras.
Essas histórias mostram que as políticas de santuário, embora nascidas de um ideal de proteção, podem se voltar contra as próprias comunidades imigrantes. Casos como esses relatados evidenciam que a recusa em colaborar com o ICE em crimes graves não apenas compromete a segurança, mas também lança uma sombra injusta sobre mexicanos, haitianos, brasileiros e outros imigrantes que lutam por uma vida digna. Uma reforma que permita entregar criminosos perigosos ao ICE, preservando a proteção aos não criminosos, poderia ser o caminho para equilibrar justiça e humanidade. Sem isso, o sonho de segurança e respeito para essas comunidades permanece ameaçado.


