JSNEWS – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira que o exército americano realizou um ataque no Caribe contra uma embarcação que transportava drogas, operada, segundo ele, pela gangue venezuelana Tren de Aragua. Em redes sociais, Trump informou que 11 pessoas morreram na operação, marcando uma escalada significativa nos esforços do governo dos EUA para conter o tráfico de narcóticos vindo da América Latina. Ele também publicou um vídeo curto de uma pequena embarcação que parece explodir em chamas. “O ataque foi realizado enquanto os terroristas estavam no mar, em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais com destino aos Estados Unidos”, declarou Trump no Truth Social. “Nenhum membro das forças armadas americanas ficou ferido. Que isso sirva de aviso para qualquer um que pense em trazer drogas para os Estados Unidos da América.”
O vídeo, majoritariamente em preto e branco, mostra uma lancha rápida com vários motores navegando no mar, quando, de repente, surge um clarão brilhante sobre ela, seguido por imagens da embarcação em chamas. O vídeo não é claro o suficiente para confirmar se havia 11 pessoas a bordo, nem mostra claramente carregamentos de drogas.
O Tren de Aragua surgiu há mais de uma década em uma prisão notoriamente caótica no estado de Aragua, no centro da Venezuela. A gangue se expandiu nos últimos anos, aproveitando a migração de mais de 7,7 milhões de venezuelanos que fugiram da crise econômica para outros países da América Latina e os EUA. Trump e autoridades de seu governo têm culpado repetidamente a gangue pela violência e pelo tráfico de drogas que afetam algumas cidades. Na terça-feira, Trump reiterou que o Tren de Aragua opera sob o controle do presidente venezuelano Nicolás Maduro, uma alegação desmentida por uma avaliação de inteligência americana desclassificada.
A Casa Branca ainda não explicou como o exército determinou que os ocupantes da embarcação eram membros do Tren de Aragua. O tamanho da gangue e o grau de coordenação de suas ações através de fronteiras estaduais e nacionais permanecem incertos.
Resposta de Maduro
Após o anúncio de Trump, a televisão estatal venezuelana mostrou Maduro e a primeira-dama, Cilia Flores, caminhando pelas ruas de seu bairro natal, enquanto um apresentador afirmava que Maduro estava “se banhando de amor patriótico” ao interagir com apoiadores. “Diante das ameaças imperialistas, Deus está conosco”, disse Maduro à multidão. Sem mencionar o ataque diretamente, ele acusou os EUA de cobiçarem as riquezas da Venezuela, incluindo suas vastas reservas de petróleo.
O ministro das Comunicações da Venezuela, Freddy Ñáñez, questionou a autenticidade do vídeo, sugerindo em seu canal no Telegram que ele poderia ter sido criado com inteligência artificial, apontando que as imagens pareciam “quase de desenho animado” em vez de uma explosão realista.
Trump e o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciaram o ataque pouco antes de Rubio partir para o México e o Equador, para discutir sobre cartéis de drogas, segurança e tarifas. Rubio encaminhou perguntas sobre detalhes do ataque ao Pentágono e sugeriu que as drogas provavelmente tinham como destino Trinidad ou outro local no Caribe. Rubio, crítico de longa data de Maduro e outros governos esquerdistas na América Latina, tem apoiado líderes da oposição venezuelana e, em 2018, afirmou à Univision que havia um “forte argumento” para uma intervenção militar na Venezuela. Ao ser questionado se Trump realizaria operações em solo venezuelano, Rubio respondeu de forma ambígua: “Vamos enfrentar os cartéis onde quer que estejam e onde quer que operem contra os interesses dos EUA.”
Contexto da operação
A operação ocorreu após os EUA anunciarem, no último mês, planos para aumentar sua presença marítima nas águas próximas à Venezuela para combater o narcotráfico. Maduro respondeu mobilizando tropas na costa venezuelana e na fronteira com a Colômbia, além de incentivar os cidadãos a se juntarem a uma milícia civil. Maduro acusou os EUA de criarem uma narrativa falsa sobre o narcotráfico para pressioná-lo a deixar o poder, citando um relatório da ONU que indica que apenas 5% da cocaína produzida na Colômbia passa pela Venezuela. Colômbia e Bolívia são os principais produtores mundiais de cocaína.
O mais recente Relatório Mundial sobre Drogas da ONU aponta um aumento nas apreensões de cocaína em países como Colômbia, Equador e Peru em 2022, mas não atribui à Venezuela um papel desproporcional, destacando, em vez disso, a violência no Equador ligada a grupos criminosos locais e transnacionais. Maduro alertou na segunda-feira que declararia constitucionalmente uma “república em armas” caso a Venezuela fosse atacada pelas forças americanas mobilizadas no Caribe.


