
Fort Pierce, Flórida – 23 de setembro de 2025 – Em um desfecho chocante para um julgamento que já era marcado por controvérsias, Ryan Wesley Routh, de 59 anos, foi condenado por um júri federal por tentar assassinar o Donald Trump em um campo de golfe na Flórida, em setembro de 2024. Minutos após o veredicto de culpado em todas as acusações, Routh, que se representava no tribunal, tentou esfaquear o próprio pescoço com uma caneta, gerando pânico na sala de audiências do Tribunal Federal de Alto Lee Adams Sr., em Fort Pierce.
O júri, composto por 12 membros, deliberou por cerca de duas horas e meia antes de anunciar o veredicto na tarde desta terça-feiram 23. Routh foi considerado culpado de cinco acusações graves: tentativa de assassinato de um candidato presidencial importante, agressão a um oficial federal (um agente do Serviço Secreto), posse de arma de fogo em benefício de um crime de violência, posse de arma e munição por um ex-condenado e posse de arma com número de série raspado. A pena máxima para o crime principal é prisão perpétua, e a sentença está marcada para 18 de dezembro.
O incidente ocorreu logo após a leitura do veredicto, mas antes que os jurados deixassem a sala. Testemunhas oculares relataram que Routh pegou uma caneta de sua mesa de defesa e fez múltiplas tentativas de se ferir no pescoço, causando sangramento visível. Quatro U.S. Marshals intervieram rapidamente, imobilizando o réu, algemando-o e retirando-o temporariamente da plenária em meio a um tumulto. Sua filha, Sara Routh, que assistia ao julgamento, gritou desesperadamente: “Pai, eu te amo! Não faça isso!”, enquanto xingava repórteres e saía do tribunal aos prantos, prometendo lutar pela libertação do pai.
Routh retornou à sessão minutos depois, algemado, sem gravata ou paletó, sob escolta armada. A juíza Aileen Cannon, que presidiu o caso e havia advertido Routh anteriormente sobre sua autodefesa – chamando-a de “má ideia” –, manteve a compostura e prosseguiu com os procedimentos formais. O réu, um construtor itinerante da Carolina do Norte com histórico de apoio inicial a Trump, mas motivado por descontentamentos políticos, optou por se defender sozinho após brigas com advogados nomeados pelo tribunal.
O julgamento, iniciado em 8 de setembro, durou duas semanas e foi o segundo processo relacionado a um atentado contra Trump em sua campanha de 2024 – o primeiro ocorreu em Butler, Pensilvânia, em julho. Promotores apresentaram evidências de que Routh planejou o ataque por semanas, usando 12 celulares descartáveis, pesquisando os movimentos de Trump e adquirindo um rifle semiautomático com número de série raspado. Ele se escondeu em arbustos próximos ao Trump International Golf Club, em West Palm Beach, apontando a arma para um agente do Serviço Secreto que o avistou a cerca de 40 jardas de distância. O agente atirou quatro vezes, mas Routh fugiu sem disparar, sendo capturado 45 minutos depois na Interestadual 95.
Em seu argumento final, Routh questionou o “intento” do crime, referindo-se a si mesmo como “o réu” e sugerindo que o plano poderia ter sido executado de outro ponto do campo de golfe. No entanto, o júri rejeitou sua defesa, que incluiu testemunhas descrevendo-o como “pacífico e não violento”. O Departamento de Justiça divulgou uma nota escrita por Routh meses antes, na qual ele descrevia uma “tentativa de assassinato” e oferecia uma recompensa pela morte de Trump.
Trump reagiu em postagem no Truth Social, agradecendo à promotora-geral Pam Bondi, ao vice-promotor-geral Todd Blanche e à equipe do Departamento de Justiça (DOJ) pelo “manuseio meticuloso” do caso, além de elogiar a juíza e o júri por sua “profissionalismo e paciência”. Bondi emitiu um comunicado afirmando que o veredicto “ilustra o compromisso do Departamento de Justiça em punir aqueles que se envolvem em violência política”, descrevendo o atentado como um “ataque à nossa República e aos direitos de todo cidadão”.
O caso de Routh destaca as tensões políticas nos EUA, especialmente em ano eleitoral, e levanta questões sobre a saúde mental de réus em autodefesa. Enquanto aguarda sentença, Routh permanece em custódia federal. Autoridades não divulgaram atualizações sobre seu estado de saúde após o incidente.