
Medford, 08 de Outubro de 2025
A prefeita de Boston, Michelle Wu, será a principal figura do protesto “No Kings” em 18 de outubro, em meio a um confronto com a administração Trump, que processou a cidade por suas políticas de cidade-santuário, vistas pelas autoridades federais como obstáculos à sua rígida agenda de imigração. Wu, que tem se posicionado como uma defensora ferrenha de políticas liberais, participará do evento ao lado de “outras vozes de resistência”, segundo os organizadores, em uma manifestação que ocorrerá no Boston Common, integrando um “dia de ação” nacional contra o que chamam de “abusos autoritários” do governo Trump.
Os organizadores do protesto, em um tom inflamado, afirmam que “o povo de Boston se reunirá para declarar, com uma voz extremamente contundente, que ‘a América não tem reis’”. Eles alegam que o evento, parte de mais de 2.100 protestos planejados nos 50 estados, visa combater o que descrevem como um “regime” que envia “polícia secreta” o ICE para perseguir e ameaçar comunidades, desafia tribunais, corta empregos, desmantela saúde e educação, elimina assistência social, manipula distritos eleitorais, suprime votos, ignora tiroteios em massa e favorece bilionários aliados. Essa narrativa, endossada por Wu, pinta um quadro quase apocalíptico do adversário político, sugerindo que ela se coloca como uma guardiã da democracia contra um suposto “demônio” autoritário que hora preside esse país.
Contudo, a postura de Wu, embora enérgica, não está isenta de críticas. Suas políticas liberais, como a defesa intransigente do Trust Act, que limita a cooperação com autoridades federais de imigração, podem ser vistas por alguns como um desafio não apenas à administração Trump, mas também à ordem legal estabelecida, gerando tensões com setores que priorizam a segurança pública e a aplicação uniforme da lei.
A retórica de “proteger a democracia” contra um inimigo caricaturado como tirânico, embora mobilize apoiadores, arrisca polarizar ainda mais o debate, simplificando questões complexas como imigração, economia e segurança em uma luta maniqueísta. Ao se posicionar como uma líder de resistência, Wu pode estar, inadvertidamente, alimentando uma narrativa que, para críticos, flerta com a desestabilização da coesão social em Boston, ao invés de buscar soluções equilibradas que conciliem proteção aos imigrantes com a manutenção da ordem pública. Ainda assim, sua liderança no protesto reforça sua imagem como uma figura central na oposição às políticas federais, mesmo que isso a coloque em uma posição delicada, onde a linha entre proteger e dividir a cidade pode se tornar tênue.