
Cambridge, 13 de Outubro de 2025
No último sábado, mais de cem pessoas reuniram-se em frente ao centro de detenção do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) em Burlington, Massachusetts, para um protesto que denunciou as ações da agência contra imigrantes e as condições desumanas no local. A manifestação, que se estendeu das 5h às 19h, permaneceu pacífica, apesar da presença de um pequeno grupo contrário ao ato.
Os manifestantes, que incluíam veteranos e representantes de diversas organizações, expressaram indignação com as políticas de imigração do governo Trump e o uso de tropas da Guarda Nacional em cidades americanas, como Los Angeles, Washington, D.C., Chicago e, mais recentemente, Portland, Oregon, para combater crimes. “Queremos que nossos líderes eleitos respeitem seus juramentos constitucionais e não permitam esse comportamento inconstitucional do ICE, aqui e em todo o país”, afirmou Brian Winter, da organização Mass. 5051.
O centro de detenção do ICE em Burlington tem sido alvo de controvérsias. Em maio, o caso do estudante de 18 anos da Milford High School, Marcelo Gomes da Silva, ganhou repercussão nacional. Detido por agentes do ICE a caminho de um treino de vôlei, Marcelo, um imigrante brasileiro, relatou condições precárias no centro, incluindo dormir em uma cela superlotada com chão de concreto e compartilhar um único banheiro com dezenas de homens adultos. Após sua liberação, legisladores de Massachusetts inspecionaram o local e corroboraram suas denúncias. “Sem camas, sem cobertores dignos, comida escassa, sem janelas; é obviamente completamente inadequado, eu diria desumano, para detenção de longo prazo”, declarou o deputado federal Seth Moulton na época.
Os organizadores do protesto destacaram a necessidade de abordar as condições no centro de detenção e a prática de detenções sem devido processo legal. “Esse problema não vai desaparecer; só vai piorar. Estão detendo pessoas sem processo, praticando perfilamento racial e simplesmente retirando-as das ruas”, denunciou Winter. A enfermeira Janet Boivin, presente no ato, reforçou: “Sinto que tenho a responsabilidade de proteger esses imigrantes, a maioria dos quais não são criminosos e não deveria ser arrancada das ruas e enviada para sabe-se lá onde.”