
Medford, 18 de Outubro de 2025
O movimento “No Kings”, com sua retórica de igualdade e resistência, reflete um esforço genuíno de muitos cidadãos que desejam expressar suas preocupações em um país que se orgulha de sua democracia. Não se pode negar a legitimidade de um movimento que mobiliza milhões em nome de ideais democráticos, especialmente em um contexto de polarização política nos Estados Unidos. A liberdade de expressão e o direito de protestar são pilares fundamentais de uma democracia, e o “No Kings” opera dentro desse espaço, o que é, em princípio, louvável. No entanto, ao analisar mais de perto, o movimento revela facetas que merecem escrutínio.
Embora se apresente como uma iniciativa “de base”, o movimento é, em grande parte, uma operação bem financiada e orquestrada por grupos de interesse de esquerda, como a ACLU, sindicatos e organizações como Planned Parenthood e MoveOn. Essa estrutura sofisticada, com campanhas de marketing bem elaboradas e treinamentos profissionais, sugere menos uma espontaneidade popular e mais uma mobilização estratégica que, embora legítima, carece da autenticidade, não e um movimento “raiz”.
A escolha do amarelo como símbolo de unidade, por exemplo, parece mais uma tática de branding do que um verdadeiro reflexo de coesão social. À medida que se aprofunda a análise, o quadro se torna mais preocupante. A sociedade americana, longe de se unir sob a bandeira do “No Kings”, parece estar cada vez mais fraturada. O movimento, ao invés de promover um diálogo inclusivo, reforça a divisão entre facções políticas, com uma clara inclinação ideológica que aliena aqueles que não compartilham de sua visão. A presença de manifestantes profissionais e a associação com causas específicas, como o apoio a grupos pró-Hamas em Boston, levantam questões sobre a verdadeira natureza do movimento. Essa vinculação a pautas polarizantes, somada ao risco de violência que os próprios organizadores reconhecem, evidencia que o “No Kings” não é um chamado à união, mas sim uma expressão de confronto.
O tom conciliador dos organizadores, com sua ênfase em não violência e desescalada, é louvável, mas parece insuficiente para mascarar o fato de que o movimento contribui para a narrativa de uma América dividida.
A escolha da prefeita Michelle Wu como oradora principal, mesmo após incidentes de violência contra a polícia, sugere uma politização que vai além da busca por igualdade e se aproxima de um embate ideológico. O fracasso do primeiro protesto em influenciar a administração Trump apenas reforça a percepção de que o “No Kings” é mais um espetáculo de resistência simbólica do que um movimento capaz de promover mudanças reais.
Em última análise, o “No Kings” é um sintoma de uma democracia vibrante, mas também de uma nação profundamente cindida. Seus métodos sofisticados e financiamento robusto não disfarçam o fato de que, ao invés de unir, o movimento amplifica as divisões que corroem o tecido social americano. Em vez de construir pontes, ele ergue barricadas, alimentando um ciclo de polarização que ameaça a própria coesão que diz defender. A América não precisa de mais manifestações que reforcem o “nós contra eles”; ela clama por um diálogo genuíno que transcenda as trincheiras ideológicas.
O “No Kings” falha miseravelmente nesse teste ao optar pelo confronto em vez da conciliação, e isso é um desserviço à nação que alega representar.