
BOSTON, 21 de outubro de 2025 –
Andrew G. Lattarulo, advogado de imigração de Chelsea, Massachusetts, está no centro de uma batalha legal contra a administração do presidente Donald Trump após ter seu celular confiscado sem mandado no Aeroporto Internacional de Logan, Boston Massachusetts, em 28 de setembro de 2025. O caso, que levanta questões sobre liberdade de expressão e privacidade, ganhou destaque nacional por envolver alegações de retaliação política contra um crítico vocal das políticas de imigração do governo.Lattarulo, conhecido por seus vídeos em português no Instagram (@andyatlaw), onde acumula mais de 22 mil seguidores, voltou de férias em Aruba quando foi abordado por agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) dos EUA.
Segundo a ação judicial movida em 2 de outubro no Tribunal Distrital de Massachusetts, os agentes confiscaram seu celular sem apresentar mandado ou justificativa clara, em uma operação que ele descreve como uma “emboscada” planejada. O aparelho contém informações confidenciais de clientes, muitos deles imigrantes em situação vulnerável, o que intensifica a gravidade do caso.“Eles me escolheram porque eu falo abertamente contra as políticas de imigração do Trump”, disse Lattarulo ao Boston Globe (3 de outubro de 2025).
O advogado, sócio da firma Georges Cote LLP, é conhecido por criticar o ICE em suas redes sociais, onde explica direitos de imigrantes e alerta sobre ações de deportação. Ele acredita que o confisco foi uma tentativa de intimidá-lo e acessar dados sensíveis de seus clientes.
O processo nomeia como réus a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, o diretor interino do ICE, Todd Lyons, e os agentes envolvidos. Lattarulo exige a devolução imediata do celular, a proibição de buscas nos dados e a destruição de qualquer informação já extraída. Em 7 de outubro, a juíza federal Allison D. Burroughs emitiu uma ordem de restrição temporária, alertando o governo para não usar os dados do celular contra os clientes do advogado. “Não quero agentes batendo nas portas dos clientes para prendê-los”, declarou Burroughs, segundo o Boston Globe (7 de outubro de 2025).
Na audiência mais recente, em 20 de outubro, os advogados de Lattarulo acusaram o governo de planejar a operação no aeroporto com antecedência, reforçando a tese de retaliação (Boston Globe, 20 de outubro de 2025). O advogado de defesa, Michael P. Sady, argumentou que “não há base legal para essa invasão de privacidade” e que o confisco viola a Primeira e a Quarta Emendas, que protegem a liberdade de expressão e proíbem buscas sem justificativa razoável (WCVB, 20 de outubro de 2025).
O governo, por sua vez, alega que havia “suspeita razoável” para o confisco, ligada a uma investigação sobre práticas de verificação de emprego na firma de Lattarulo (Boston Globe, 15 de outubro de 2025). No entanto, a defesa rebate que o advogado não lida diretamente com essas questões, que são gerenciadas por outro sócio da firma, e que a justificativa é uma “desculpa esfarrapada” para silenciá-lo (Universal Hub, 19 de outubro de 2025).
O caso tem gerado indignação entre ativistas de direitos dos imigrantes, que veem o confisco como parte de um padrão de intimidação contra críticos do governo Trump. “É um ataque direto à Primeira Emenda”, disse um defensor ao Miami Herald (9 de outubro de 2025).
A comunidade brasileira em Massachusetts, uma das maiores audiências de Lattarulo, também expressou apoio nas redes sociais, com posts chamando o caso de “abuso de poder”. Especialistas apontam que o caso pode estabelecer precedentes importantes. “Se o governo pode confiscar o celular de um advogado sem mandado, isso ameaça a confidencialidade entre advogado e cliente, especialmente em comunidades imigrantes já vulneráveis”, afirmou um analista jurídico ao MassLive (3 de outubro de 2025).
Enquanto o caso segue no tribunal, Lattarulo continua sem seu celular, e a tensão entre ele e as autoridades federais só aumenta. A próxima audiência está marcada para novembro, e a juíza Burroughs deve decidir se estende a ordem de restrição ou determina a devolução do aparelho. Até lá, o advogado mantém sua presença online, prometendo não se calar. “Eles podem pegar meu celular, mas não minha voz”, declarou em um vídeo recente.
Com a administração Trump intensificando políticas de imigração, o caso de Lattarulo pode ser apenas a ponta do iceberg em um conflito maior entre liberdade de expressão e poder estatal. Enquanto isso, a comunidade de Chelsea e além acompanha de perto, esperando que a justiça proteja tanto os direitos do advogado quanto a privacidade de seus clientes.
Fontes: Boston Globe (3, 7, 15, 19 e 20 de outubro de 2025), Miami Herald (9 de outubro de 2025), MassLive (3 de outubro de 2025), WCVB (20 de outubro de 2025), Universal Hub (19 de outubro de 2025).


