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O preço médio de uma libra (453g) de café moído nos Estados Unidos passo para US$ 9,14 em setembro, um salto de 3% ante os US$ 8,87 de agosto e 41% acima do mesmo mês de 2024. A escalada é implacável desde janeiro, impulsionada por uma tempestade perfeita de tarifas protecionistas e caprichos do clima que secam plantações globais. Enquanto os preços globais de alimentos para consumo humano subiram 3% no ano, o índice do café – que inclui o solúvel – registra alta de 19% em relação a 2024.
Os EUA é quase um deserto na produção de café, fora do Havaí e Porto Rico, o pais demanda 99% de café estrangeiro, segundo a Associação Nacional do Café.
O Brasil domina com 30% do suprimento, mas o governo Trump cravou 40% de tarifa em julho sobre os 10% iniciais – elevando o total para 50% em agosto. Produtores brasileiros frearam as exportações o que minguou a oferta e inflou preços. A Colômbia (20% do mercado) foi taxada com 10%, sob ameaça de corte de ajuda americana; o Vietnã (8%) fica 20% do mercado. Trump prometeu isenções para “recursos naturais indisponíveis” em acordos comerciais, mas o café segue na mira – até domingo passado.
Clima: calor extremo, secas e La Niña recém-declarada pela NOAA aterrorizam o Brasil, maior produtor mundial. Preços globais saltaram 40% em 2024, diz a FAO. Pesquisadores correm contra o aquecimento global, testando grãos resistentes que prometem colheitas mais seguras.
Encontro Trump-Lula
A esperança veio nas margens da cúpula da ASEAN, em Kuala Lumpur, no último domingo (26 de outubro). O encontro entre Trump e Lula, após meses de retorica movida por ideologias, trocaram apertos de mão e otimismo. “Podemos fechar acordos ótimos para os dois países”, postou Trump no Truth Social.
Lula chamou o papo de “positivo” e despachou equipes para negociações imediatas sobre tarifas e sanções.
O foco? Isentar o café das taxas de 50%, que respondem por 33% do consumo americano e já derrubaram exportações brasileiras em 79,5% para especialidades nos últimos meses, segundo o Cecafé.
Analistas preveem alívio rápido: uma redução de 30% nas tarifas poderia cortar os preços ao varejo em até 15-20% em três meses, injetando US$ 1-2 por libra no bolso do consumidor, estima o Farmdoc da Universidade de Illinois. “Tarifas não protegem empregos; elas punem o cafezinho diário”, ironiza o setor, que vê no acordo uma chance de frear a inflação alimentar em 2-3 pontos percentuais anuais.
Enquanto isso, deputados bipartidários pressionam: em setembro, Ro Khanna (democrata, CA) e Don Bacon (republicano, NE) apresentaram lei para zerar tarifas no café. “Produzimos só 1% do que bebemos; isso é tarifa burra”, disse Khanna. Bacon, que se espantou com os preços nas prateleiras de supermercado, aposta no Congresso para blindar o consumidor.


