
Boston, 4 de novembro de 2025 –
Na esquina da Massachusetts Avenue com a Melnea Cass Boulevard, o ar carrega o cheiro acre de urina e crack queimado. É ali, no coração do Mass and Cass, que a crise de Boston se revela sem maquiagem: um mercado a céu aberto onde mercadorias roubadas trocam de mãos por doses de fentanil antes mesmo de esfriarem nas mochilas dos ladrões. A prefeita Michelle Wu insiste: “Somos a cidade grande mais segura do país”. Os números da própria polícia contam outra história.
Entre maio e agosto deste ano, o South End registrou 478 prisões – 163% a mais que no mesmo período de 2024. Chamadas por intoxicação pública: 1.316. Assaltos agravados: 55. Furto em residências triplicou em julho. E tudo isso a dois quarteirões do epicentro do caos.
Um proprietária de comercio naquele bairro, descreve o ritual diário dos “profissionais do furto”: “Assim que acordam, escolhem a loja, enchem a mochila, saem. Sabem que até 1.199 dólares é só contravenção – herança da lei estadual democrata de 2018 que elevou o teto de misdemeanor de 250 para 1.200 dólares”. Uma farmácia da rede CCVS próximo ao Boston Medical Center fechou exatamente por isso: funcionários e clientes ameaçados, mercadorias furtadas. Um morador, resume o ciclo: “Roupas da Uniqlo, maquiagem da Sephora, fraldas da Target – tudo troca por 20 dólares de crack na calçada”. O custo anual para lojistas de Massachusetts: até dois bilhões de dólares. Preço que você paga na gôndola, com cadeados em xampu e escova de dentes.
O comissário Michael Cox admite: 20% dos furtadores são reincidentes contumazes. O promotor ainda oferece “serviços em vez de sentença”. Pego hoje, solto amanhã, roubo depois.
O padrão se repete onde democratas progressistas governam. Na Califórnia, a Proposition 47 – aprovada em 2014 por Gavin Newsom e cia. – transformou furtos abaixo de 950 dólares em misdemeanor. Resultado: explosão de “smash-and-grab” em Los Angeles e São Francisco. Lojas inteiras saqueadas em minutos, filmadas e vendidas no mercado paralelo. Target e Walgreens fecharam dezenas de unidades. Em 2022, o estado viu 24% mais furtos que em 2019.
Nova York seguiu o roteiro. A bail reform de 2019, capitaneada por Andrew Cuomo, eliminou fiança para quase todos os misdemeanors e felonies não violentos. Shoplifting virou “pegue e solte”. Ladrões profissionais eram presos à tarde e roubavam de novo à noite. Farmácias da Duane Reade viraram self-service do crime. Em 2022, o estado viu 93% mais furtos que em 2019. Kathy Hochul, governadora democrata, teve que aceita reversões parciais dessa legislação – mas o estrago estava feito.
Boston copia o manual. Wu apoiou a política da ex-promotora Rachael Rollins: não processar furtos, ladrões, desordeiros, posse de maconha, direção com carteira suspensa. “Qualidade de vida”, diziam.
Qualidade de vida para quem? Para o viciado que troca fralda roubada por heroína? Para o lojista que fecha as portas e demite 12 funcionários? A Safe Shopping Initiative – parceria entre polícia, promotoria e lojistas – promete foco em reincidentes. Resultado até agora: 15% mais furtos que no ano passado. Enquanto o comercio fecha, a prefeita sorri em coletivas, afinal, para ela Boston é a “cidade mais segura dos USA“.
Michelle Wu quer mais quatro anos para “manter os padrões altos”, mas quais padrões ela defende?
- US$ 1.199,99 de roubo = multa ou “serviço comunitário”
- reincidente solto em 24 h
- 80 mil agulhas grátis por mês
Ao andar pelas ruas de Boston, lembre-se: segure firme a bolsa
- esconda o celular
- carregue pouco dinheiro
- olhe para trás a cada quarteirão
Porque sua segurança não depende de discurso de político.


