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Uma creche de imersão em língua espanhola na zona norte de Chicago, nos Estados Unidos, foi palco de uma detenção por agentes federais de imigração nesta quarta-feira (5), após uma mulher colombiana e um homem fugirem de uma parada de trânsito e se refugiarem no local. A professora foi levada, e o episódio deixou em pânico os administradores da escola e os pais de bebês, crianças pequenas e alunos do pré-jardim de infância, segundo um funcionário ouvido pela Reuters. Testemunhas relataram que, embora a detenção tenha ocorrido no vestíbulo de entrada (uma área externa com portas duplas, sem acesso direto às salas de aula), a comoção foi visível o suficiente para causar desconforto e choro entre crianças e pais presentes no momento do drop-off matinal, por volta das 7h.
Imagens da WGN-TV mostraram dois homens, um deles usando balaclava, arrastando uma mulher para fora das portas coloridas da creche Rayito de Sol enquanto ela gritava. Os homens vestiam coletes com a palavra “Police” (“Polícia”). A mulher foi identificada em um grupo de pais como Diana Santillana, professora de Medellín, na Colômbia. No vídeo, ela grita em espanhol: “Eu tenho documentos”.
Versão oficial do DHS/ICE: De acordo com o Departamento de Segurança Interna (DHS), os agentes do ICE (Immigration and Customs Enforcement) não realizaram uma “invasão” ou batida direcionada à creche — um local sensível como escolas e creches tem diretrizes federais para evitar ações rotineiras, embora revogadas no início da administração Trump. Em vez disso, tratava-se de uma perseguição após uma “blitz de trânsito direcionada” a um veículo registrado no nome de Santillana Galeano (identificada como Diana Patricia Santillana Galeano, uma nacional colombiana que entrou ilegalmente nos EUA em junho de 2023 e foi liberada na fronteira sob a administração Biden, com pedido de asilo pendente). O motorista, um homem ignorou sirenes e luzes de emergência, acelerou para um shopping plaza próximo e ambos fugiram a pé para o vestíbulo da creche, tentando se barricar e “colocando em risco as crianças presentes”, segundo a porta-voz Tricia McLaughlin.
A detenção ocorreu exclusivamente no vestíbulo — não nas salas de aula ou áreas internas com crianças —, e o DHS classificou relatos contrários como “desinformação deliberada e falsa”, enfatizando que mais de 70% das prisões da operação visam indivíduos com histórico criminal ou violações graves, como suposto envolvimento em contrabando de seus filhos adolescentes (16 e 17 anos) para os EUA, de acordo com o ICE, Galeano teria pago traficantes humanos para trazerem ilegalmente os seus filhos de 17 e 16 anos para os EUA através da fronteira sul e em 19 de outubro de 2025, as duas crianças, uma de 16 e 17 anos, entraram ilegalmente nos EUA perto de El Paso, Texas. A Alfândega e Proteção de Fronteiras prendeu as crianças, e elas foram processadas como Crianças Desacompanhadas e levadas para um abrigo na área de Chicago. Facilitar o contrabando de seres humanos é um crime.
Versão de ativistas, pais e políticos locais: Ativistas e testemunhas, incluindo o deputado democrata Mike Quigley (D-IL), descreveram a cena como um “sequestro sem mandado na frente de crianças”, violando diretrizes para locais sensíveis e causando trauma emocional duradouro. Quigley afirmou que Santillana Galeano era uma “membro confiável da comunidade com permissão de trabalho válida” e que os agentes a “agarraram na frente das crianças”, com vídeos mostrando ela sendo arrastada enquanto gritava. Pais chocados ficaram no estacionamento após a ação. Eles afirmaram que a escola havia informado que todos os professores estavam legalmente autorizados a trabalhar. “As crianças estavam chorando, os pais estavam chorando”, disse Tara Goodarzi, uma advogada que estava deixando seu filho de 3 anos na escola quando os agentes entraram no prédio. “Essa é uma cena que não vamos esquecer”, disse.
Laura Tober, mãe de uma aluna de Santillana, descreveu a professora como gentil e atenciosa. “Na segunda-feira, minha filha andou pela primeira vez para ela e ela mal podia esperar para me contar”, relatou. Críticos, como a congressista Delia Ramirez (D-IL), acusaram o ICE de “agência fora de controle“, alegando que agentes checaram salas com crianças presentes, exacerbando o pânico em uma comunidade imigrante já vulnerável.
A operação marca uma nova fase na repressão à imigração comandada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Chicago. A campanha, iniciada em setembro como “Operation Midway Blitz”, tem o objetivo de deter imigrantes sem status legal que representem risco à segurança. Segundo o DHS, mais de 3 mil pessoas já foram presas — incluindo cidadãos americanos e imigrantes sem antecedentes criminais.
A porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, disse à Reuters que os agentes perseguiam uma mulher colombiana e um homem que haviam fugido de uma “blitz de trânsito direcionada” e entraram na área da creche. Na semana passada, agentes federais realizaram uma varredura em Evanston, subúrbio ao norte de Chicago que abriga a Universidade Northwestern. A operação incluiu uma batida em uma comunidade de aposentados. Em 31 de outubro, três cidadãos americanos que presenciaram a prisão violenta de uma mulher foram detidos por agentes e empurrados para dentro de um carro. Eles só foram liberados horas depois em um escritório do FBI, sem acusações.
Por Que Não é uma Boa Opção Fugir de Agentes da Lei nos EUA
Baseado em diretrizes padrão de aplicação da lei americana (como as do Departamento de Justiça e treinamentos policiais), fugir de um agente da lei — seja em uma parada de trânsito ou interação similar — é altamente desaconselhável por razões de segurança e legais. Aqui vai uma visão clara e substanciada:
- Risco de Escalada e Resultados Fatais: Nos EUA, a polícia (incluindo ICE e agências federais) é treinada para priorizar a conformidade imediata para evitar confrontos. Uma fuga, como ignorar sirenes ou correr a pé, é interpretada como resistência ativa, o que pode levar a uso de força proporcional — de tasers e spray de pimenta a armas de fogo em casos extremos, se houver percepção de ameaça à vida dos agentes ou público. Estatísticas do FBI mostram que, em 2023, cerca de 1.100 incidentes de tiroteios policiais envolveram fugas ou resistência, resultando em mortes evitáveis. Exemplos reais incluem casos como o de Philando Castile (2016), onde uma simples interação escalou fatalmente, ou fugas de trânsito que terminam em colisões de alta velocidade, matando inocentes. Em ocasiões recentes, como perseguições do ICE em 2024-2025, fugas resultaram em acidentes com veículos ou confrontos armados, com pelo menos 15 fatalidades reportadas nacionalmente.
- Diferença em Relação à Polícia da América Latina: A polícia americana opera sob um sistema de accountability à sociedade dos EUA, com leis rigorosas como a 4ª Emenda (proteção contra buscas irrazoáveis) e oversight via tribunais, câmeras corporais e revisões independentes (ex.: DOJ investigations). Isso contrasta com contextos em partes da América Latina, onde corrupção, impunidade e violência extrajudicial são mais comuns, segundo relatórios da Human Rights Watch. Muitos imigrantes buscam os EUA precisamente pela proteção de suas leis — devido processo, direito a advogado e apelações. Fugir, no entanto, anula essas proteções: pode invalidar defesas legais (como asilo pendente) e transformar uma detenção administrativa em acusações criminais, como obstrução de justiça (até 8 anos de prisão sob 18 U.S.C. § 1505).
Em resumo, cooperar — parando o veículo, mantendo as mãos visíveis e pedindo para falar com um supervisor ou advogado — preserva direitos e salva vidas. Se você ou alguém conhecido estiver em uma situação similar, recursos como o ACLU (aclu.org) oferecem guias gratuitos sobre interações com ICE.


