Eliana Pereira Ignacio
Olá, meus caros leitores, dando continuidade à nossa mini-série sobre autoestima, hoje quero refletir com vocês sobre um tema que toca profundamente nossa vida interior e nossos relacionamentos: a comparação. Todos nós, em algum momento, nos comparamos com alguém — seja no trabalho, na aparência, na fé ou nas conquistas.
Essa comparação, quando nasce de um olhar inseguro, tende a gerar inveja, inferioridade e ressentimento. Mas quando nasce de uma autoestima saudável, ela se transforma em admiração, aprendizado e respeito. Vivemos em uma sociedade que estimula a competição constante.
Desde cedo, aprendemos a medir nosso valor pelo desempenho: quem tira as melhores notas, quem tem mais seguidores, quem conquista mais cedo o sucesso. O problema é que, ao colocar a régua do valor humano na comparação, deixamos de enxergar o que nos torna únicos.
A autoestima saudável, nesse contexto, é como uma lente limpa: permite que vejamos a nós mesmos com verdade e compaixão — e que olhemos o outro não como rival, mas como espelho de possibilidades humanas. A psicologia entende a autoestima como o sentimento de valor pessoal que nasce da coerência entre quem somos e como nos percebemos. Segundo Carl Rogers, um dos grandes nomes da psicologia humanista, o ser humano se realiza quando consegue alinhar seu “eu real” (quem ele é de fato) ao seu “eu ideal” (quem ele gostaria de ser).
Quando essa distância é muito grande, nasce a frustração e o desejo de comparação. Queremos ser como o outro porque, no fundo, não acreditamos ser su cientes. A comparação, em si, não é o vilão — ela é uma reação natural do nosso cérebro, que busca referências para se orientar.
O problema é quando ela se torna um padrão emocional, uma maneira de medir nossa identidade. Quando nos comparamos constantemente, corremos o risco de viver presos ao olhar alheio, tentando corresponder às expectativas que não nos pertencem. Assim, perdemos a liberdade interior e a capacidade de apreciar o que há de belo em nós mesmos. A autoestima saudável, por outro lado, nos liberta dessa armadilha. Ela nos ensina que cada pessoa tem um caminho próprio, com ritmos, dores e aprendizados singulares. Quando nos aceitamos, não precisamos mais provar nada a ninguém. Aprendemos a celebrar o sucesso do outro sem sentir que isso diminui o nosso. Passamos a nos inspirar, e não a nos comparar.
Esse é o ponto de virada: o momento em que a comparação se transforma em respeito — pelo outro e por nós mesmos. A TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) mostra que grande parte das distorções que afetam a autoestima vêm de pensamentos automáticos como: “nunca serei bom o bastante”, “todos são melhores que eu”, ou “não mereço reconhecimento”. Essas crenças, quando não questionadas, alimentam o ciclo da comparação e da autocrítica.
O primeiro passo para quebrar esse ciclo é identificar esses pensamentos e substituí-los por afirmações mais realistas e gentis. Em vez de “sou pior que os outros”, podemos pensar: “estou em um processo de crescimento, assim como todos”. Essa mudança de perspectiva reduz a autodepreciação e fortalece o respeito próprio. No campo espiritual, a Bíblia nos oferece um antídoto poderoso para a comparação. Em Gálatas 6:4 está escrito: “Cada um examine os seus próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém.” Essa passagem nos lembra que o verdadeiro valor não está em ser melhor do que os outros, mas em sermos fiéis ao propósito que Deus colocou em nossas vidas. Quando compreendemos isso, aprendemos que a autoestima não nasce do aplauso, mas da consciência de que somos amados e aceitos por Deus exatamente como somos.
A autoestima saudável, portanto, é um ato de fé e de coragem. É olhar para dentro com sinceridade, reconhecer fragilidades, e ainda assim escolher se amar. É parar de medir o próprio valor pelo olhar alheio e começar a viver a partir do próprio centro. É descobrir que a alegria não está em vencer o outro, mas em vencer a si mesmo — superando comparações, medos e padrões que nos afastam da autenticidade.
Ao cultivarmos essa visão, o outro deixa de ser ameaça e se torna parceiro de caminhada. A comparação se transforma em espelho de crescimento e o respeito passa a ser o condutor das relações. Ninguém é melhor ou pior — apenas diferente, e isso é o que torna a vida humana tão bela e diversa.
Se pudermos encerrar com uma reflexão, que seja esta: a verdadeira autoestima não nasce quando você se convence de que é superior, mas quando já não precisa se comparar para se sentir em paz.
“Cada um examine os seus próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém.” — Gálatas 6:4
Ate a próxima semana!!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jornaldossportsusa.com


