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Bruna Caroline Ferreira, uma imigrante brasileira de 33 anos, que possui laços familiares com a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, será libertada da custódia do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) enquanto contesta uma possível deportação. A decisão foi proferida por um juiz de imigração na última segunda-feira (8).
Bruna, residente de longa data em Massachusetts, foi noiva do irmão de Karoline Leavitt, Michael Leavitt, com quem tem um filho de 11 anos sob guarda compartilhada. Ela foi detida por agentes do ICE no dia 12 de novembro, em Revere (Massachusetts), quando se dirigia a New Hampshire para buscar o filho.
Inicialmente levada para Vermont, a imigrante foi posteriormente transferida para um centro de detenção na Louisiana. Lá, o juiz determinou sua liberação mediante pagamento de fiança de US$ 1.500, informou seu advogado, Todd Pomerleau.“Argumentamos que ela não representava perigo nem risco de fuga”, explicou o advogado por mensagem de texto. “O governo aceitou nosso argumento, nunca alegou que ela fosse uma residente ilegal criminosa e renunciou ao direito de recorrer.”

Em nota emitida na segunda-feira, um porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS) declarou: “O ICE prendeu Bruna Caroline Ferreira, uma residente ilegal criminosa do Brasil. Ela possui uma prisão anterior por agressão. Entrou nos Estados Unidos com visto de turista B2, que exigia sua saída do país até 6 de junho de 1999. Um juiz nomeado pelo governo Biden a tornou elegível para fiança. Caso pague a fiança, será libertada enquanto prossegue o processo de remoção. Ela terá check-ins periódicos obrigatórios com agentes do ICE para garantir o cumprimento das condições de liberação. O Departamento de Segurança Interna continuará trabalhando para remover todos os estrangeiros presentes ilegalmente no país o mais rápido possível. Como o Departamento sempre afirmou, todos os estrangeiros ilegais podem evitar problemas legais optando pela autodeportação digna, com auxílio de US$ 1.000, passagem aérea gratuita e a possibilidade de retornar legalmente aos Estados Unidos no futuro.”
A assessoria de imprensa da Casa Branca não respondeu a pedidos de comentário até o momento da publicação desta reportagem.
O advogado Todd Pomerleau contesta as alegações da agência federal e afirma não ter visto qualquer prova de que sua cliente tenha cometido crime. Segundo ele, Bruna chegou aos Estados Unidos aos seis anos de idade e posteriormente foi beneficiada pelo programa Deferred Action for Childhood Arrivals (Daca), criado na gestão Obama para proteger imigrantes trazidos ao país ainda crianças.“Ela chegou aqui com seis anos de idade, e estão chamando-a de alienígena ilegal criminosa”, declarou Pomerleau em entrevista no mês passado. “Dizem que ela violou o visto. Pela lei de imigração, uma pessoa só pode violar o visto seis meses após completar 18 anos. Nessa época, ela já tinha o Daca, e não se concede Daca a quem tem antecedentes criminais, pois crimes são fator de desqualificação.”
Karoline Leavitt, natural de New Hampshire, candidatou-se sem sucesso ao Congresso pelo estado em 2022, atuou como porta-voz da campanha de Donald Trump em 2024 e atualmente ocupa o cargo de secretária de imprensa da Casa Branca. Embora a ligação familiar tenha sido confirmada por fonte próxima, as duas mulheres não mantêm contato há anos, e Karoline Leavitt não se pronunciou publicamente sobre o caso. Pomerleau descreveu o antigo relacionamento entre Bruna Ferreira e Michael Leavitt como comum a muitos casais jovens: “Como uma família moderna. Duas pessoas que foram jovens e se amaram em determinado momento, ficaram noivos, mas o relacionamento não deu certo, como acontece com inúmeros outros.”


