ESTADO & FOLHAPRESS
Os Estados Unidos anunciaram, neste domingo (24/05), que vão barrar cidadãos não estadunidenses que estiveram no Brasil até 14 dias antes de tentarem entrar no país. A decisão, segundo a Casa Branca, tem o objetivo de proteger a população americana do novo coronavírus.
A medida, que passa a valer na próxima sexta-feira (29/5), foi tomada por meio de decreto do presidente Donald Trump, dois dias depois de o Brasil ultrapassar a Rússia e se tornar o segundo país do mundo em número de casos de covid-19, atrás apenas dos EUA.
“Hoje o presidente tomou a ação decisiva para proteger nosso país, ao suspender a entrada de estrangeiros que estiveram no país (Brasil) durante um período de 14 dias antes de buscar a admissão nos Estados Unidos”, diz um comunicado da secretária de Imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany.
“A ação de hoje vai garantir que estrangeiros que estiveram no Brasil não se tornem uma fonte adicional de infecções em nosso país. Essas novas restrições não se aplicam aos voos comerciais entre os EUA e o Brasil”, acrescenta a nota.
Residentes e cônjuges não são afetados
O decreto não atinge pessoas que residem nos Estados Unidos ou são casadas com um cidadão americano. Não são afetados também filhos ou irmãos de americanos, desde que tenham menos de 21 anos.
Membros de tripulações de companhias aéreas ou pessoas que ingressem no país a convite do governo dos EUA também estão isentas da proibição.
O decreto de Donald Trump foi assinado horas depois de o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O’Brien, afirmar que o governo americano adotaria restrições à entrada de passageiros vindos do Brasil. Ele falou sobre o assunto durante entrevista ao programa ‘Face the Nation’, da rede de TV CBS.
“Esperamos que seja temporário, mas, devido à situação no Brasil, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano”, declarou O’Brien, antes de frisar que os brasileiros estão “passando por um mau momento”.
Segundo o conselheiro, Washington também avalia restringir a entrada de pessoas de outros países das Américas, e a situação está sendo examinada caso a caso.
Tanto o presidente Donald Trump quanto seu vice, Mike Pence, já haviam ameaçado, desde março, proibir voos vindos do Brasil, ainda que os EUA continuem liderando em número de casos e mortes pela covid-19.
Situação do Brasil
No momento em que Donald Trump assinava o decreto com as restrições, o Ministério da Saúde brasileiro contabilizava 347.398 casos de covid-19 e 22.013 mortes pela doença. O agravamento da pandemia no país levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a afirmar que América do Sul se tornou o novo epicentro global da pandemia.
Nos EUA, o número de casos e mortes por covid-19 ultrapassou, respectivamente, 1,6 milhão e 97 mil. Embora a pandemia comece a ser contida em estados que impuseram medidas de isolamento social rígidas, como Nova York e Califórnia, a doença continua se alastrando pelo interior.
Trump disse na última terça-feira, pela terceira vez, que estava considerando proibir a entrada de passageiros provenientes do Brasil. “Não quero pessoas vindo para cá e infectando nosso povo. Também não quero que as pessoas fiquem doentes por lá. Estamos ajudando o Brasil com respiradores. O Brasil está tendo problemas, não há dúvida sobre isso”, afirmou o presidente americano.
Até a manhã deste domingo, os EUA não não haviam fornecido os respiradores, mas, à tarde, o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, disse em uma rede social que mil unidades do equipamento serão entregues pelo governo americano.
Os voos entre Brasil e EUA já foram bastante reduzidos por causa da pandemia. Há atualmente só nove voos em operação por semana entre os dois países — todos saindo do Estado de São Paulo.
Trump suspendeu a entrada de viajantes da China, onde o surto começou, em janeiro. No início de março, ele impôs restrições à chegada de pessoas vindas da Europa.