
Boston, 31 de Julho de 2025 – A administração Trump sinaliza uma guinada drástica na abordagem ao Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), programa criado em 2012 para proteger da deportação jovens indocumentados trazidos aos EUA na infância. Com cerca de 538.000 beneficiários em 2024, o DACA oferece proteção temporária e autorização de trabalho, renováveis a cada dois anos, mas não concede status legal permanente.
A nova política, articulada pela secretária assistente do DHS, Tricia McLaughlin, enfatiza que o DACA “não confere status legal” e que seus beneficiários estão sujeitos a prisão e deportação, promovendo a autodeportação com uma oferta controversa: US$ 1.000 e um voo gratuito para quem deixar o país voluntariamente.
Essa proposta de “incentivo financeiro” é criticada como uma tática cínica e coercitiva, que explora a vulnerabilidade dos chamados “Dreamers”. Ativistas, como Anabel Mendoza da United We Dream, denunciam a medida como um ataque à segurança dos beneficiários, que contribuem significativamente para a economia americana, com um impacto estimado de US$ 140 bilhões em poder de compra e US$ 40 bilhões em impostos. A oferta é vista como uma pressão para que jovens, muitos com laços profundos nos EUA, abandonem suas vidas, famílias e carreiras, sob a promessa ilusória de um “retorno legal” futuro, sem garantias concretas. A incerteza do DACA se intensifica com decisões judiciais recentes.
Em janeiro de 2025, a Corte de Apelações do Quinto Circuito declarou o programa ilegal no Texas, mantendo, porém, a proteção para renovação de status para beneficiários atuais. A administração Trump, que tentou encerrar o DACA em 2017, pode agora buscar sua extinção total ou impor restrições severas, como a suspensão de novas inscrições e limitações nas renovações. Tais mudanças ameaçam expor meio milhão de jovens à deportação, separação familiar e perda de empregos, especialmente em setores essenciais. A retórica de autodeportação, aliada à recompensa financeira, reflete uma política que desumaniza os Dreamers, ignorando seu papel na sociedade americana.
Em vez de buscar soluções legislativas para um caminho à cidadania, como amplamente apoiado por pesquisas de opinião, a administração parece priorizar a intimidação, minando a estabilidade de uma comunidade que considera os EUA seu lar.