JSNEWS – Na câmara de execução em Huntsville, Texas, às 20:40, horário local, do dia 23 de abril de 2025, Moises Sandoval Mendoza, 41 anos, exalou seu último suspiro. Condenado pelo assassinato brutal de Rachelle O’Neil Tolleson em 2004, que deixou uma filha de 5 meses órfã e uma comunidade marcada pela dor. Há 21 anos, Mendoza confessou em uma carta aos pais: “Não sei o que aconteceu comigo naquele momento. Eu me transformei no diabo e depois fiz algo que pensei ser um sonho”.
Contudo, no corredor da morte, ele buscou redenção: batizado, sem infrações desde 2008, descrito como “genuíno e amoroso” por amigos. Sua execução, a terceira no Texas em 2025, revelou não apenas um criminoso, mas um homem em busca de perdão. O capelão que o batizou ficou a seu lado durante a execução, Mendoza pediu perdão, enfrentando o peso de seu passado. Teria encontrado paz? As testemunhas, a imprensa e o mundo assistiram a um fim que nos lembra: a morte nos iguala.
A tragédia que abalou Farmersville
Em 18 de março de 2004, Rachelle O’Neil Tolleson, uma jovem mãe de 20 anos, estava em casa em Farmersville, Texas, com sua filha Avery, de apenas 5 meses. Moises Mendoza, então com 24 anos, invadiu a residência. Em um ato de violência indizível, ele a estrangulou, agrediu-a sexualmente, esfaqueou sua garganta e, dias depois, queimou seu corpo em um riacho, onde foi encontrado carbonizado. Avery foi encontrada pela avó, estava “fria, molhada e sozinha”.
Da prisão, Mendoza enviou um carta a seus pais descreveu o horror: “Eu me transformei no diabo”, como se o crime fosse um pesadelo do qual não pôde despertar. Farmersville, uma cidade pequena, mergulhou em luto, unida por 21 anos de espera por justiça.
A redenção no corredor da morte
No silêncio opressivo do corredor da morte, Mendoza encontrou um novo caminho. Batizado pelo capelão que mais tarde o confortaria em seus momentos finais, ele abraçou a fé, vivendo na ala religiosa sem infrações desde 2008. Amigos o descreveram como “honesto, amoroso, um homem transformado”. Em 2005, ele expressou remorso: “Sei que tirei a mãe daquela menina… quero pedir desculpas”. Sua luta contra a depressão e amor por animais revelaram um homem que buscava expiar seus pecados.
O silêncio
Na noite de 23 de abril, a câmara de Huntsville era um cenário de tensão palpável: paredes brancas, uma maca, tubos de pentobarbital, um vidro separando vida e morte. Moises Mendoza, amarrado à maca, ergueu os olhos para o capelão que o batizou anos antes. O religioso, com a mão em seu ombro, orou por dois minutos.
Então, com a voz embargada, Mendoza enfrentou as testemunhas. Olhando através do vidro, dirigiu-se aos pais de Rachelle, dois irmãos, um primo e um tio, chamando cada um pelo nome. “Peço desculpas por ter roubado a vida de Rachelle”, disse, lágrimas escorrendo. “Eu roubei a mãe da filha dela. Sinto muito por isso. Sei que nada que eu diga ou faça poderá compensar isso. Quero que saibam que sou sincero” (AP News). Ele evocou seu passado sombrio: “Eu me transformei no diabo naquele momento”.
Em espanhol, ele se despediu da esposa, da irmã e de dois amigos em outra sala de testemunhas: “Eu os amo, estou com vocês, estou bem e em paz. Vocês sabem que estou bem, e tudo é amor”.
A injeção letal começou. Mendoza deu dois suspiros profundos, seguidos de roncos. Após cerca de 10 roncos, seu corpo ficou imóvel. Às 20:40 quando foi declarado morto, 19 minutos após o início. O capelão baixou a cabeça, um último gesto de consolo para o homem que guiara à fé.
Pam O’Neil, mãe de Rachelle, assistiu com outros parentes, os olhos marejados fixos no homem que destruiu sua família. Após a execução, ela leu uma declaração à imprensa, a voz firme, mas carregada de luto: “Ele esteve no corredor da morte por 20 anos. Isso acabou hoje. Ele foi colocado para dormir. Não sentiu dor. Queria poder dizer o mesmo sobre a morte da minha filha” (AP News). Do outro lado do vidro, amigos e parentes de Mendoza abraçaram-se em lágrimas, lamentando a perda de um homem que viam como redimido. “Você encontrou paz, Moises”, sussurrou um deles, segundo a AP News.
Jornalistas, como Juan A. Lozano, capturaram a cena: “Mendoza permaneceu calmo, sua respiração parando enquanto Pam O’Neil desviava o olhar” (AP News). A The Texas Tribune descreveu o “silêncio opressivo” que envolveu a câmara, quebrado apenas por soluços abafados.
A imprensa: Um mundo dividido
A execução de Mendoza, como a de Mikal Mahdi na Carolina do Sul em 11 de abril de 2025, gerou uma onda de reações, refletindo a tensão entre justiça e redenção. Na Carolina do Sul, o fuzilamento de Mahdi chocou pela brutalidade, mas revelou um homem marcado por abusos, unindo leitores na reflexão de que “a morte nos iguala”. Mendoza, com sua transformação e pedido de perdão, reacende esse debate.
Imprensa local (EUA):
- Dallas Morning News: “Moises Mendoza, confesso assassino, executado após 20 anos”, com ênfase na justiça para Rachelle e Farmersville (Dallas Morning News).
- Herald Banner: “Justiça após 21 anos para a família de Rachelle”, ecoando o apoio da comunidade local (Inquisitr).
- The Texas Tribune: “Moises Mendoza, transformado na prisão, torna-se o terceiro executado no Texas em 2025”, destacando a controvérsia judicial e a vigília virtual da Action Network (The Texas Tribune).
- Austin Chronicle: “Uma mentira custou a vida de Mendoza?”, questionando o testemunho falso que influenciou sua sentença (Austin Chronicle).
Imprensa internacional:
- The Guardian (Reino Unido): “Texas executa Mendoza, ignorando sua redenção. A pena de morte permanece como um ato de violência estatal”, citando ativistas da Catholic Mobilizing Network (The Guardian). O jornal enfatizou o contraste entre o crime de 2004 e a transformação de Mendoza, questionando a moralidade da execução.
- El País (Espanha): “Moises Mendoza, mexicano executado nos EUA, pede perdão em seus momentos finais”, destacando suas raízes mexicanas e o apelo emocional às testemunhas (El País). O jornal notou a presença de amigos e familiares de Mendoza, sugerindo simpatia por sua redenção.
- Le Monde (França): “Nos EUA, a execução de Mendoza reacende o debate sobre a pena capital”, com foco na controvérsia judicial e na transformação espiritual do condenado (Le Monde). O tom crítico reflete a visão europeia contra a pena de morte.
- BBC News (Reino Unido): “Texas executa homem que pediu perdão por assassinato de jovem mãe”, oferecendo uma cobertura factual, mas destacando o pedido de desculpas e a dor de Pam O’Neil (BBC News).
A morte nos iguala
Na Carolina do Sul, a execução de Mikal Mahdi por fuzilamento chocou o mundo, mas sua história — um homem marcado por abusos e depressão — tocou corações ao mostrar que a morte nivela todos. Moises Mendoza, que se viu como “o diabo” em 2004, morreu como um homem que buscou redenção. Com o capelão ao seu lado, ele pediu perdão. Na câmara, ele não era mais o monstro descrito por promotores, mas um ser humano e que, com suas lágrimas, mostra que a morte é o único terreno comum.
A execução de Moises Mendoza não é apenas o fim de um condenado, mas um espelho da condição humana e que nos deixa uma pergunta: o arrependimento pode apagar o passado? O capelão orou, Mendoza pediu perdão, e o mundo assistiu. Na morte, todos somos iguais.