Jehozadak Pereira Trabalhar pouco e ganhar muito é o sonho dourado de todo trabalhador, e é só olhar a nossa volta para ver que o resultado do esforço de milhões de trabalhadores está de fato em todos os lugares, tirando muitas estradas e linhas de trem, que foram abertas usando o trabalho de prisioneiros, que em troca de uma comutação da pena a que haviam sido condenados.
Por outro lado, sempre houve a pressão de patrões para que os empregados trabalhassem cada vez, ganhando sempre menos. Daí as lutas da classe operária em busca de um salário e benefícios cada vez maiores. Se de um lado sempre haverá empregados querendo ganhar mais, do outro lado estarão empresários querendo pagar menos, e para que se atingisse um equilíbrio ao longo dos anos muitas barreiras precisaram ser derrubadas, a custo de muita lágrima, sangue e luta.
No fim do século 18 a classe trabalhadora em Chicago exigia dos patrões redução da jornada de trabalho para oito horas; aumento de salário e melhores condições de trabalho. Não foram atendidos e saíram as ruas para protestar e foram reprimidos com violência pela polícia. Estes protestos aconteceram no dia 1º de maio de 1886. No dia cinco de maio eles voltaram às ruas e foram novamente reprimidos. Oito líderes do movimento foram presos, quatro operários foram mortos e outros três condenados a prisão perpétua. A opinião pública mundial pressionou as autoridades americanas e um novo julgamento foi realizado em 1888, e os três condenados tiveram as suas sentenças canceladas e foram soltos.
No ano seguinte o Congresso Operário Internacional, que se reuniu em Paris, decretou o 1º de maio, como o Dia Internacional dos Trabalhadores, sobretudo, para representar um dia de luta e de luto, e em 1890, os trabalhadores americanos conquistaram a tão sonhada jornada de trabalho de oito horas diárias. Para fugir da sombra do comunismo na Guerra Fria, o governo determinou que nos Estados Unidos o dia do trabalho – Labor Day – fosse comemorado no dia três de setembro, data que é celebrada na primeira segunda-feira do mês de setembro.
Hoje o operariado e os trabalhadores americanos têm os seus interesses representados pelos sindicatos e entidades que tratam de arrancar do patronato melhores condições de trabalho, benefícios, bons salários e planos de aposentadoria cada vez melhores. Um marco na história do sindicalismo americano é Jimmy Hoff a, que decidiu enfrentar o forte capitalismo e tirou dos patrões vantagens jamais vistas na história do trabalhismo nos Estados Unidos para os seus caminhoneiros.
No entanto, os métodos de Hoff a eram pouco ortodoxos e ao mesmo tempo em que ele tinha o respeito e a adoração da sua classe, era odiado e detestado na mesma proporção pelo patronato. Hoff a foi inquirido pela justiça, condenado e cumpriu pena e anos depois sumiu misteriosamente junto com um assistente, mas deixou o legado de ter construído o maior sindicato do mundo, baseado em Detroit, o berço da indústria automobilística na América.
Hoje, o trabalhador americano é representado e assistido em todas as categorias e é remunerado de acordo com a importância das funções desempenhadas. O contraponto da luta de classes nunca vai ter um fi m, pois se de um lado sempre haverá empregados querendo ganhar mais, do outro há empregadores querendo lucrar mais e mais, ainda que as custas de quem trabalha.
Aos brasileiros que estão aqui nos EUA há ainda um longo caminho a seguir e a comunidade tenta achar o seu espaço na sociedade e cada dia isto está mais próximo de acontecer. Informalmente somos mais de um milhão e meio de pessoas que juntas podem fazer a diferença, mas fragmentados jamais chegaremos onde nossas pretensões nos levar. Que nesta segunda-feira, 3, no Labor Day esta seja a nossa reflexão…