
Boston, 15 de Setembro de 2025 – O assassinato de Charlie Kirk, fundador de uma organização conservadora, em um campus universitário em Utah, na quarta-feira, acendeu um debate sobre a perigosa escalada de uma “cultura de assassinato” nos Estados Unidos. O crime, que vitimou o jovem de 31 anos, pai de dois filhos, foi apontado como reflexo de um processo de desumanização que transforma figuras públicas em alvos de violência. Esse fenômeno, segundo especialistas, é impulsionado por polarização, retórica de ódio nas redes sociais e narrativas que reduzem indivíduos a símbolos de ideologias opostas.
O processo de desumanização começa com a identificação de um “bode expiatório”, responsabilizando uma pessoa ou grupo por problemas sociais ou políticos. Em seguida, esses alvos são despojados de sua humanidade, sendo retratados como caricaturas ou vilões, o que facilita a dissociação emocional de seus agressores. Por fim, essa desumanização cria uma justificativa moral para ações violentas, incluindo assassinatos, ao fazer com que o outro seja percebido como uma ameaça desprovida de valor humano.
No caso de Kirk, sua postura conservadora, marcada por debates abertos em universidades e apoio a valores tradicionais, o tornou um alvo para aqueles que veem tais ideias como “malévolas”. Esse processo, segundo análises, é amplificado por plataformas digitais, onde o ódio pode se transformar em violência no mundo real.
Após o assassinato, alguns veículos de imprensa e influenciadores digitais chegaram a celebrar a morte de Kirk, justificando-a com manchetes que o rotulavam como “extremista” ou sugeriam que sua morte seria um “pagamento pelas impiedades” de suas posições não alinhadas ao progressismo. Termos como “fascista” e “nazista” foram usados para desumanizá-lo, criando uma narrativa que valida qualquer ação contra ele, inclusive o assassinato. Essa retórica revela uma aparente assimetria no discurso de ódio, onde parece ser tolerado ou até incentivado quando direcionado a figuras de um lado específico do espectro político, enquanto é condenado em outras circunstâncias.
Essa seletividade alimenta a percepção de que o ódio é permitido apenas por uma perspectiva ideológica, aprofundando a polarização. Investigações sobre o crime revelaram que o suspeito, um jovem de 22 anos, vivia com uma pessoa transgênero, com quem mantinha um relacionamento amoroso. Momentos antes do ataque, Kirk respondia a uma pergunta sobre tiroteios envolvendo indivíduos transgêneros, o que sugere que o assassino pode ter escolhido o momento para fazer uma “declaração” pública.
A cooperação da pessoa próxima ao suspeito tem sido valiosa para entender o motivo do crime, que parece conectado à percepção de Kirk como um símbolo de valores opostos. O assassinato de Kirk, ocorrido cerca de um ano após atentados contra uma figura política de destaque, reflete uma história de violência política nos EUA, onde quatro presidentes já foram assassinados. Especialistas alertam que a “cultura de assassinato” é alimentada por um ciclo de queixas, superioridade ideológica e absolutismo moral, onde indivíduos radicalizados veem a violência como uma forma legítima de afirmar suas crenças. Apesar da tragédia, acredita-se que o legado de Kirk, por meio das instituições que fundou, continuará a inspirar, embora isso não console sua esposa e filhos. O caso levanta questões urgentes sobre como a desumanização e o discurso de ódio podem ser contidos para evitar novas tragédias.
