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Washington, 23 de dezembro de 2025 – Nos primeiros 11 meses da presidência de Donald Trump, mais de 1,6 milhão de imigrantes perderam seu status legal nos Estados Unidos, segundo dados compilados por organizações de defesa dos direitos dos imigrantes e reportados pela NPR. Esse número, que supera a população inteira da cidade de Filadélfia, representa o maior esforço já registrado para remover proteções contra deportação de migrantes que entraram no país por vias legais.
Os afetados incluem beneficiários de programas de parole humanitário, vistos, asilo e Status de Proteção Temporária (TPS). Muitos deles residem nos EUA há anos, tendo seguido rigorosamente as regras estabelecidas pelo governo anterior. “Essas foram vias legais. As pessoas fizeram exatamente o que o governo pediu, e agora esse governo revoga preemptivamente esse status”, criticou Todd Schulte, presidente da FWD.us, organização que acompanha as revogações.
A administração Trump defende as medidas como parte de uma política para limitar a migração, tanto ilegal quanto legal. “A administração Trump fez mais para restringir a migração do que qualquer outra na história”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt. O Departamento de Segurança Interna (DHS) argumenta que os contribuintes americanos não devem mais arcar com o custo de estrangeiros presentes ilegalmente.
Entre as ações principais, destaca-se o fim do programa CHNV (Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela), criado pela administração Biden para permitir a entrada de cerca de 530 mil migrantes. Horas após a posse, Trump assinou ordem executiva encerrando-o, decisão posteriormente respaldada pela Suprema Corte em maio de 2025. A maioria dos beneficiários era haitiana.
O TPS, que protege nacionais de países em crise de deportação e concede permissões de trabalho, foi encerrado para pelo menos 10 nações desde janeiro. A Venezuela foi o caso mais impactante, afetando centenas de milhares. Outros países incluem Síria, Haiti e vários da América Central e África. Apesar de ações judiciais bloquearem algumas revogações temporariamente, muitas prosseguiram.
Outro programa cancelado foi o CBP One, app que permitiu a entrada de mais de 936 mil migrantes entre 2023 e janeiro de 2025 para agendar pedidos de asilo. Milhares que entraram por ele receberam notificações para autodeportação. Grebi Suárez, barbeiro venezuelano que chegou via CBP One, expressou ansiedade: “Estou assustado porque amigos meus receberam e-mails do governo para se deportarem”.
O Departamento de Estado revogou 85 mil vistos, incluindo 8 mil estudantis, mais que o dobro do ano anterior, citando crimes como DUIs e assaltos. Recentemente, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, anunciou pausa no programa de loteria de vistos de diversidade após um tiroteio em universidade ligado a um beneficiário do programa em 2017.
Advogados de imigração alertam que o número de 1,6 milhão pode ser subestimado. Para 2026, mais programas expiram, incluindo TPS para El Salvador, Ucrânia e outros, colocando milhares em risco. Imigrantes como Viktoriia Panova, ucraniana, relatam incerteza constante: “Não podemos planejar nossas vidas”.
As revogações enfrentam dezenas de ações judiciais, mas a administração oferece incentivos como US$ 1 mil para saída voluntária em 60 dias. Enquanto deportações de indocumentados superam 600 mil neste ano, o foco em vias legais marca uma mudança inédita na política imigratória americana.


