Everett, Massachusetts – Até o momento, não há atualizações públicas relevantes sobre o caso do adolescente brasileiro de 13 anos detido pelo Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos Estados Unidos (ICE) após o prazo judicial de terça-feira, 14 de outubro de 2025. O juiz federal Richard G. Stearns, do Tribunal Distrital de Boston, determinou que o Departamento de Segurança Interna (DHS) e o ICE apresentassem, até o fim daquele dia, justificativas formais para a continuidade da detenção, sob pena de realização de uma audiência de fiança até sexta-feira, 17 de outubro. Contudo, até a manhã desta quarta-feira, 15 de outubro, não foram divulgados anúncios sobre transferência ou decisões posteriores relacionadas ao caso.
O adolescente, aluno do 7º ano da Albert N. Parlin School em Everett, permanece no Northwestern Regional Juvenile Detention Center, em Winchester, Virgínia – a mais de 800 quilômetros de sua família em Massachusetts. Sua mãe, Josiele Berto, e o advogado da família, Andrew Lattarulo, continuam pressionando por seu retorno imediato, argumentando violações constitucionais e a necessidade de que o processo ocorra no estado de residência. Lattarulo, que representa a família há três anos em um caso pendente de asilo (com autorização legal para trabalho nos EUA), descreveu a situação como inédita em sua carreira: “Nunca lidei com um habeas corpus para uma criança tão jovem; esta é a menor idade que já vi.”
Controvérsias e Reações Locais
A detenção do adolescente ocorreu em 9 deste mês após uma abordagem policial em um ponto de ônibus por uma suposta ameaça violenta contra outro aluno, gerou intensos debates. Autoridades do DHS, incluindo a secretária-assistente Tricia McLaughlin, alegaram que o menino representava uma “ameaça à segurança pública”, citando posse de uma arma de fogo e uma faca de 13 a 18 centímetros, além de um histórico de agressões, invasão e danos à propriedade.
Here are the facts: he posed a public safety threat with an extensive rap sheet including violent assault with a dangerous weapon, battery, breaking and entering, destruction of property.
He was in possession of a firearm and 5-7 inch knife when arrested. https://t.co/RSkgKUnGTS
— Tricia McLaughlin (@TriciaOhio) October 13, 2025
No entanto, o prefeito de Everett, Carlo DeMaria, e o chefe de polícia, Paul Strong, refutaram a presença de arma de fogo na prisão, confirmando apenas a recuperação de uma faca de dupla face. “Não realizamos prisões baseadas em status imigratório; o ICE acessou dados independentes”, esclareceu Strong em coletiva na terça-feira. O episódio escalou tensões comunitárias, com mais de 80 residentes e vereadores participando de um protesto na terça-feira em frente à prefeitura de Everett, organizado por grupos como a LUCE Immigration and Justice Network e La Comunidad. A manifestação, sob o lema “Não sequestrem crianças”, exigiu o retorno do menino e criticou a transferência interestadual como tática para contornar jurisdições mais protetivas a imigrantes. A congressista Ayanna Pressley, cujo distrito inclui Everett, condenou a ação como “alarmantemente desumana”, destacando o impacto em uma criança separada de sua família sem notificação adequada.
A governadora Maura Healey, ao comentar o caso, evitou detalhes específicos, mas reiterou críticas às práticas do ICE: “O que vemos em Massachusetts e no país é simplesmente errado – imigrantes que vivem e trabalham há anos são arrancados de suas comunidades e famílias.” O caso insere-se no contexto da “Operação Patriot 2.0”, iniciativa da administração Trump lançada em setembro para intensificar fiscalizações imigratórias na região, resultando em recordes de detenções de menores – mais de 600 juvenis em custódia do ICE até julho.
Agora, o foco recai sobre a possível audiência de fiança na próxima sexta-feira, 17, caso o governo não tenha cumprido o prazo de terça. Lattarulo alertou que a localização na Virgínia complica a defesa, exigindo advogados locais e potencialmente invalidando partes da ordem judicial de Stearns.
A família, por meio de uma campanha de arrecadação online, enfatiza a legalidade de sua permanência e as condições precárias relatadas pelo menino, como dormir em piso de concreto com uma folha de alumínio como cobertor.
Especialistas em direitos humanos observam que transferências rápidas como essa violam diretrizes federais para interrogatórios de menores, que demandam presença de responsáveis. O caso soma-se a uma onda de litígios contra o ICE por detenções prolongadas e violações de devido processo, especialmente sob o endurecimento das políticas imigratórias.
Como uma decisão judicial ou comunicado do DHS – deve surgir nos próximos dias, possivelmente via portais do tribunal federal ou declarações da família.