JSNEWS – As agências de inteligência dos Estados Unidos divulgaram, no último mês, um memorando que afirma que o regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro não dirige as atividades da gangue Tren de Aragua.
O documento, publicado na segunda-feira pelo jornal The New York Times, contraria as justificativas do presidente Donald Trump para usar a Lei dos Inimigos Estrangeiros (Alien Enemies Act) como base para deportações. O relatório, que reflete a avaliação consensual do Conselho Nacional de Inteligência, indica que não há evidências de uma ligação direta entre o regime de Maduro e a liderança da Tren de Aragua.
“Embora o ambiente permissivo da Venezuela facilite as operações da Tren de Aragua, o regime de Maduro provavelmente não tem uma política de cooperação com a gangue e não está dirigindo seus movimentos ou operações nos Estados Unidos”, afirma o documento.
O memorando explica que essa conclusão se baseia em ações da polícia venezuelana que tratam a Tren de Aragua como uma ameaça, em uma relação de cooperação e confronto com outros grupos armados — sem ordens diretas do governo — e na estrutura descentralizada da gangue, que tornaria tal controle logístico difícil.
Embora o documento refute a ideia de que o apoio à Tren de Aragua seja uma política direta do regime de Maduro, ele reconhece que analistas do FBI acreditam que “alguns funcionários do governo venezuelano facilitam a migração de membros da Tren de Aragua para os Estados Unidos e usam esses membros como intermediários para promover o que consideram ser o objetivo do regime de Maduro de desestabilizar governos e comprometer a segurança pública nesses países”.
A Lei dos Inimigos Estrangeiros, de 1798, que permite a deportação de cidadãos de nações inimigas sem audiência, foi usada apenas três vezes na história: durante a Guerra de 1812, a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial.
Em março, a administração Trump determinou que todos os cidadãos venezuelanos com 14 anos ou mais, membros da Tren de Aragua, que estejam nos Estados Unidos e não sejam cidadãos naturalizados ou residentes permanentes legais, podem ser detidos e deportados como “inimigos estrangeiros”.
Um ponto central do argumento da Casa Branca é a alegação de que a Tren de Aragua opera em conjunto com o Cártel de los Soles, uma organização de narcoterrorismo supostamente patrocinada pelo regime de Nicolás Maduro na Venezuela.
Em 2020, Maduro e outros membros do regime foram acusados de narcoterrorismo e outros crimes em um suposto plano contra os Estados Unidos.