Da Redação – Kilmar Armando Abrego Garcia, o salvadorenho deportado dos EUA em março de 2025, foi retratado como um trabalhador exemplar, pai de família, sem histórico de violência e que foi injustamente removido do país. No entanto, documentos do Departamento de Segurança Interna (DHS) revelam um ‘suposto’ histórico de violência doméstica que desafia a imagem de ‘cidadão pacífico’.
Em 2021, sua esposa, Jennifer Vasquez Sura, solicitou uma ordem de restrição, alegando que Garcia a teria agredido brutalmente. Segundo os autos apresentados pelo DHS, ele teria socado seu rosto, ferido seus olhos, arrancado suas roupas e causado hematomas, incluindo um teria dado golpes usando uma bota de trabalho que resultou em um olho roxo. Vasquez Sura, temendo por sua vida, teria apresentado fotos e vídeos como evidência. Essas acusações chocam: um homem que alegadamente espanca a esposa não parece ser um modelo de cidadão exemplar, ou seria?
Embora a ordem de restrição tenha sido arquivada porque Vasquez Sura não compareceu à audiência, por razões desconhecidas, é comum que vítimas de violência doméstica perdoem agressores por medo de perder suporte financeiro ou emocional. Esse padrão levanta dúvidas sobre a dinâmica do relacionamento e a segurança da família. O suposto histórico de violência de Garcia é, por si só, motivo suficiente para as autoridades migratórias agirem, conforme reforçado pelo DHS em comunicado de 15 de abril de 2025 e em postagem no X com o documento judicial.
Além disso, Garcia é suspeito de envolvimento com a gangue MS-13, conforme reportagens da Fox News e do New York Post, baseadas em informações divulgadas pelo DHS, em que afirmam que em 2019, ele teria sido abordado pela polícia em Maryland com indivíduos ligados à MS-13, vestindo um boné dos Chicago Bulls e uma camiseta com símbolos associados à gangue. Apesar de não haver condenação ou prova definitiva de afiliação, a suspeita persiste, alimentada por uma denúncia de um informante.
Contraditoriamente, Garcia alegou em 2019, em seu processo de imigração, temer perseguição em El Salvador pela gangue rival Barrio 18, teria extorquido sua família e ameaçados seus parentes. Essa alegação, foi considerada crível por um juiz, e que garantiu-lhe proteção contra deportação para El Salvador, sob o suposto argumento de “medo bem-fundamentado de perseguição futura”.
Essa narrativa de medo da Barrio 18 tem dois possíveis vieses: ou Garcia é associado à MS-13, colocando-o em conflito com a gangue rival, ou ele residia em uma região controlada pela Barrio 18, o que o tornava alvo em ambos os casos.
No entanto, a realidade em El Salvador mudou drasticamente. O presidente Nayib Bukele implementou uma repressão implacável contra gangues como MS-13 e Barrio 18, prendendo dezenas de milhares de afiliados a essas supostas organizações criminosas reduzindo significativamente a violência no país.
Essa política, ironias à parte, foi criticada por progressistas que se opuseram às medidas duras de Bukele. Hoje, o El Salvador de Bukele é um lugar onde o suposto medo crível de Garcia de perseguição por gangues já não se sustenta como antes. Se outrora a violência era uma ameaça palpável, agora Garcia pode, teoricamente, viver em paz em seu país, graças a um governo que neutralizou as gangues onde cidadãos de bem não temem tais organizações.
A deportação de Garcia levanta uma questão inquietante: seria ele um homem honesto, pacífico e dedicado à proteção de sua família, como afirmam seus advogados, ou alguém capaz de atitudes violentas contra a esposa ou qualquer pessoa? O suposto histórico de violência doméstica, aliado às suspeitas de envolvimento com a MS-13, sugere que Garcia pode representar um risco? A sociedade americana prioriza a segurança, e agressores domésticos, independentemente de afiliações com gangues, não se alinham a esse ideal.
A ausência de condenação formal por violência doméstica não apaga as graves acusações, e a falta de provas concretas de ligação com a MS-13 não elimina as suspeitas levantadas por autoridades. Enquanto Garcia retorna a um El Salvador transformado, sua história deixa um alerta: a linha entre vítima e agressor nem sempre é clara, e a verdade pode estar oculta nas sombras de documentos judiciais e relatos policiais.