
Medford (MA), 17 de Setembro de 2025
Na última quarta-feira, Charlie Kirk, conhecido ativista conservador, podcaster e pai de dois filhos, foi assassinado aos 31 anos durante um evento na Utah Valley University. O caso gerou grande comoção, com a governadora de Massachusetts, Maura Healey, determinando que as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro, e uma vigília de oração está marcada para quinta-feira no Boston Common, das 19h às 22h, em homenagem à sua vida e liderança. No entanto, reações de alguns educadores em Massachusetts, que celebraram a morte de Kirk em redes sociais, geraram polêmica e medidas disciplinares em distritos escolares como Peabody, Framingham, Sharon e Wachusett Regional.
Embora seja compreensível que pessoas tenham opiniões divergentes sobre figuras públicas como Charlie Kirk, cujas ideias políticas geravam debates acalorados, é profundamente lamentável que alguns escolham celebrar a morte de um ser humano como se fosse um evento festivo. A perda de uma vida, independentemente de diferenças ideológicas, é um momento que deveria inspirar reflexão e respeito, especialmente considerando o sofrimento de familiares e amigos. A empatia, um valor fundamental para a convivência em sociedade, parece ausente em manifestações que transformam uma tragédia em motivo de júbilo.
Tais atitudes, embora expressas por uma minoria, revelam uma preocupante falta de sensibilidade e levantam questionamentos sobre os limites do discurso público. À medida que essas reações se tornam públicas, elas expõem não apenas uma falha moral, mas também um perigoso precedente. Celebrar a morte de alguém, como no caso de professores que compartilharam mensagens ou vídeos que ridicularizam o assassinato de Kirk, sugere uma radicalização que vai além do debate político. Essas ações, longe de promoverem diálogo, alimentam um ciclo de hostilidade que pode inspirar jovens a adotarem posturas extremistas.
É particularmente inquietante considerar que tais indivíduos, muitos dos quais ocupam posições de influência em salas de aula, possam estar doutrinando jovens a enxergar a violência como um meio legítimo para alcançar objetivos ideológicos. Essa instrumentalização da morte, usada para avançar uma agenda que contraria os valores de liberdade, tolerância e respeito que fundamentam os Estados Unidos, é não apenas reprovável, mas também um ataque à essência de uma sociedade democrática.
Por outro lado, a visibilidade dessas manifestações tem um lado positivo: ela escancara quem são essas pessoas e as ideologias que seguem. Ao celebrarem a tragédia alheia, elas revelam uma mentalidade que não hesita em desumanizar o outro, tratando a morte como um troféu em sua cruzada ideológica. Saber quem são essas vozes – muitas vezes próximas, talvez até dentro de nossos círculos de convivência – é um alerta valioso. Essas são as mesmas pessoas que, diante de qualquer infelicidade que nos acometesse, poderiam reagir com a mesma frieza.
A radicalização que levou ao assassinato de Charlie Kirk, cometido por Tyler Robinson, de 22 anos, reflete uma mentalidade que glorifica a violência e demoniza o adversário. Não é a vítima, com suas ideias, por mais controversas que fossem, quem representa o extremismo, mas sim aqueles que transformam um ato de violência em motivo de celebração. Cabe à sociedade, agora mais ciente dessas atitudes, reforçar os valores de civilidade e diálogo, rejeitando qualquer forma de radicalismo que ameace a convivência pacífica. Optar pelo contrário seria ceder à escalada da violência, algo que essas mesmas pessoas, que celebram a morte alheia, dificilmente sustentariam se confrontadas com as consequências de suas posturas.


