AFP – O caminho do diálogo é inviável com “um regime que comete crimes contra a humanidade”, disse, nesta quinta-feira (15), a ativista nicaraguense Bianca Jagger, perante uma comissão do Congresso americano, na qual pediu ao papa Francisco e ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mais firmeza com o governo da Nicarágua.
A ela somaram-se congressistas durante uma sessão sobre “O perigoso estado da liberdade civil na Nicarágua”.
Jagger afirma ter implorado ao sumo pontífice que condene o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, e interceda a favor do bispo Rolando Álvarez, em prisão domiciliar, acusado de conspiração e propagação de notícias falsas, mas disseram-lhe – assegurou – “que é necessário um diálogo com o país”.
“Como defensora dos direitos humanos por toda a minha vida, sempre acreditei que devemos seguir um caminho de diálogo”, mas quando há “possibilidades, não quando se trata de um regime que está cometendo crimes contra a humanidade, e que a cada dia aumenta a perseguição contra a Igreja e o povo” e “as torturas aos presos políticos”, disse, taxativa.

Este ano, Daniel Ortega e sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, expulsaram o núncio Waldemar Sommertag, tornaram ilegal a Associação Missionárias da Caridade, da ordem da madre Teresa de Calcutá, e fecharam meios de comunicação católicos.
Depois dos protestos antigovernamentais de 2018, que Ortega relaciona a um suposto golpe de Estado frustrado maquinado pela oposição, com apoio de Washington, “o regime ditatorial” lançou “um ataque contra todas as vozes dissidentes”, afirmou a ex-mulher de Mick Jagger.
Para o congressista republicano Christopher H. Smith, da Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos, “isto é o que os psicólogos chamam de projeção: o regime de Ortega abraça a violência e a projeta em seus oponentes”.
Smith também disse sentir falta de uma reação contundente do papa, que, em setembro, afirmou que “não suspenderá jamais o diálogo” com o governo de Manágua.
Francisco deu esta declaração antes de Daniel Ortega qualificar a Igreja católica de ditadura perfeita e das acusações contra Rolando Álvarez.