JSNEWS – O Brasileiro Flavio Alexandra Alves, conhecido como “Ronaldo”, de 41 anos, é apontado como peça-chave em uma organização criminosa que, segundo as autoridades, teria facilitado a entrada ilegal de centenas de brasileiros nos Estados Unidos, atravessando a fronteira com o México em troca de lucros financeiros. Conforme informou o site do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ).
De acordo com o DOJ, a prisão de Alves ocorreu nessa quarta-feira, 26 de Março e é parte de uma operação internacional de grande envergadura, conduzida em parceria entre as forças de segurança dos Estados Unidos e do Brasil, com foco no combate ao contrabando de pessoas. Documentos judiciais revelam que Alves já havia sido condenado por crimes semelhantes em 2004, na Califórnia, sendo deportado ao Brasil em fevereiro de 2005. Contudo, em data não especificada, ele teria retornado ilegalmente aos Estados Unidos, estabelecendo-se sem autorização migratória.

A investigação, iniciada em abril de 2022, desvendou uma complexa estrutura criminosa operando entre Brasil, México e Estados Unidos. Alves, segundo as alegações do DOJ, atuava como um dos articuladores locais da rede desde meados de 2021, coordenando o transporte de migrantes, a lavagem de dinheiro e a cobrança de taxas pelo contrabando. Entre suas funções, estava a compra de passagens aéreas para os imigrantes – incluindo famílias e grupos – que, após cruzarem a fronteira e serem liberados pela Patrulha de Fronteiras dos EUA, seguiam para cidades como Boston, Pittsburgh, Harrisburg e Filadélfia. Entre maio de 2021 e agosto de 2022, ele teria adquirido mais de cem bilhetes aéreos, muitos deles partindo de Tucson ou Phoenix, logo após os migrantes serem registrados pelas autoridades.
Além disso, Alves é acusado de enviar centenas de milhares de dólares a cúmplices no México, financiando despesas relacionadas ao trânsito dos migrantes e remunerando outros contrabandistas da rede.
Para ocultar suas ações, ele teria recorrido a estratégias como transferências em dinheiro feitas pessoalmente em diversos locais de Massachusetts, uso de variações de seu nome e endereço, e a intermediação de associados próximos nas transações. Parte dos pagamentos recebidos dos próprios migrantes, como taxa pelo serviço ilegal, era retida por Alves como sua “comissão”, antes de repassar o restante aos líderes da organização no México.
A operação que culminou na prisão de Alves foi coordenada pela Força-Tarefa Conjunta Alfa (JTFA), uma iniciativa do Departamento de Justiça e do Departamento de Segurança Interna dos EUA, ampliada para desmantelar redes de contrabando e tráfico humano que ameaçam a segurança pública e as fronteiras americanas. No mesmo dia, quatro outros indivíduos ligados à organização foram detidos por violações administrativas de imigração nas cidades de Pittsburgh, Harrisburg e Filadélfia.
Alves compareceu nessa quarta-feira, 26, a uma audiência preliminar no tribunal federal de Worcester e permanecerá detido até uma nova sessão marcada para 28 de março, às 9h. Ele enfrenta acusações de conspiração para introduzir e transportar imigrantes ilegalmente nos Estados Unidos, crime que pode resultar em até dez anos de prisão, três anos de liberdade supervisionada e multa de até 250 mil dólares. Após o cumprimento de eventual pena, ele estará sujeito a deportação. As alegações, por ora, são consideradas suspeitas, e sua culpa só será confirmada se comprovada em juízo.
Essa ação integra a Operação “Take Back America”, esforço nacional do Departamento de Justiça para conter a imigração ilegal e neutralizar organizações criminosas transnacionais, protegendo as comunidades americanas da violência associada a esses grupos.