Malden, 23 de Outubro de 2025
O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, uniu-se ao governador da Califórnia, Gavin Newsom, em uma campanha para angariar apoio à proposta de redistribuição dos distritos eleitorais do Congresso, liderada pelos democratas do estado, às vésperas de uma eleição especial marcada para 4 de novembro.Em um evento virtual realizado nesta quarta-feira, Obama exortou os eleitores californianos a respaldarem a iniciativa, que busca redefinir os limites dos distritos congressionais do estado em um momento estratégico do ciclo eleitoral.
A medida, segundo os democratas, poderia assegurar até cinco cadeiras adicionais na Câmara dos Representantes nas eleições do próximo ano, fortalecendo a posição do partido.“O que estamos vendo agora é uma administração que declara abertamente sua intenção de alterar as regras no meio do jogo para se blindar do julgamento popular”, afirmou Obama, em declarações à rede CNN, referindo-se às estratégias do ex-presidente Donald Trump e dos republicanos. Obama integrou-se à campanha “Yes on 50” em meados de outubro, aparecendo em um vídeo no qual alerta que “a democracia está em jogo” e convoca os californianos a se oporem aos “esforços republicanos para manipular as eleições”. Ele acusou Trump e os republicanos de tentarem “redesenhar os distritos do Congresso para obter vantagens eleitorais” e protegerem-se de uma possível reação dos eleitores.“É uma atitude descarada”, declarou Obama. “Eles não disfarçam que o motivo é puramente estratégico. Fazem isso porque acreditam que podem.”
O ex-presidente destacou que a redistribuição proposta pelos democratas oferece “pelo menos uma chance de nivelar o campo de jogo” nas próximas eleições de meio de mandato, promovendo uma representação mais equilibrada.
Um possível caso de gerrymandering?
Apesar do discurso em defesa da democracia, a iniciativa democrata não está imune a críticas. Especialistas e opositores questionam se a redistribuição proposta não poderia, ela própria, configurar uma forma de gerrymandering – a prática de manipular os limites de distritos eleitorais para favorecer um partido político, candidato ou grupo específico. Críticos argumentam que, ao redefinir os distritos a meio caminho do ciclo eleitoral, os democratas poderiam estar buscando consolidar sua influência em regiões-chave da Califórnia, desenhando mapas eleitorais que concentrem eleitores republicanos em poucos distritos (técnica conhecida como packing) ou fragmentem suas bases de apoio (método chamado de cracking).
Essa estratégia, segundo detratores, poderia distorcer a representação proporcional e minar a imparcialidade do processo eleitoral, ironicamente replicando as táticas que Obama atribui aos adversários republicanos. Embora os defensores da medida aleguem que o objetivo é corrigir desigualdades e garantir maior equidade, a ausência de um processo transparente e bipartidário para o redesenho dos distritos levanta preocupações. Para muitos, a linha entre uma redistribuição justa e o gerrymandering é tênue, e o sucesso da campanha “Yes on 50” dependerá de como os eleitores perceberem suas intenções em um cenário de polarização política.
