FOLHAPRESS – O presidente americano, Joe Biden, disse nesta quarta (4) que os seguidores de Donald Trump formam o grupo “mais extremista que já existiu na história dos EUA”. A frase foi dita em conversa com jornalistas sobre o vazamento da minuta que indica que a Suprema Corte do país reverterá o direito ao aborto.
Trata-se de uma escalada na retórica do presidente meses antes das eleições de meio de mandato, em novembro. O pleito, inclusive, pode desmanchar a estreita maioria democrata na Câmara e no Senado –no último caso, a vice Kamala Harris, por ser presidente da Casa, tem o poder do voto de desempate.
“Quais são as próximas coisas que [eles] vão atacar? Porque esta multidão do MAGA [sigla para Make America Great Again, slogan da campanha de Trump] é realmente a organização política mais extremista que já existiu na história dos Estados Unidos, na história recente dos Estados Unidos”, disse Biden.
Uma eventual reversão do acesso ao aborto pela Suprema Corte pode ser explicada pelas mudanças na composição do tribunal durante o governo Trump. Em seu mandato, o ex-presidente teve o direito de nomear três juízes, aumentando para seis o número de magistrados de viés conservador na corte.
Biden também atacou os republicanos no flanco econômico, ao dizer que as iniciativas do partido são favoráveis aos bilionários. O tema apareceu no momento em que o democrata tentava exibir feitos econômicos de seu governo, muito pressionado pela inflação histórica de 8,5% em 12 meses. Ainda que a alta seja decorrente de reflexos mundiais, críticos apontam que o aumento dos preços pode ser explicado por gastos excessivos da Casa Branca em meio à Covid, além de restrições de oferta global.
Em ritmo de campanha, o democrata descreveu as políticas econômicas republicanas como “extremas, iguais à maioria das coisas do MAGA”, uma extensão de declarações anteriores, nas quais o presidente americano disse que a oposição se converteu num movimento liderado por Trump.
Biden também disse que o déficit anual americano vem caindo, diferentemente do que ocorreu durante o governo Trump. Segundo ele, a dívida do país caiu mais de US$ 350 bilhões em seu primeiro ano e deve cair mais de US$ 1,5 trilhão neste ano -o que seria a maior redução do déficit em um único ano já registrada. “O resultado é que o déficit aumentou todos os anos sob meu antecessor, antes da pandemia e durante a pandemia. E diminuiu nos últimos dois anos desde que estou aqui”, afirmou.
O democrata evita, sempre que possível, mencionar o nome do adversário político, mas essa é uma tarefa difícil: embora tenha sido derrotado em 2020, Trump exerce grande influência política em seu partido, e o republicano cogita voltar a se candidatar à Presidência americana em 2024.
Os republicanos, por outro lado, defendem que o atual presidente não é o responsável pela queda da dívida. Para eles, se propostas democratas tivessem sido aprovadas, apenas teriam aumentado o déficit.