Da Redação – Em um duro editorial, o jornal “The New York Times” voltou a defender que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Partido Democrata), desista de se candidatar à reeleição —em que concorrerá contra o republicano Donald Trump, em 5 de novembro.
Editoriais são textos em que órgãos de imprensa expressam opinião sobre determinado tema. Nesta terça (9), o jornal americano diz que Biden está “passando vergonha” e “colocando o seu legado em risco” ao manter a candidatura e “parece inapto” para um novo mandato. Ele tem 81 anos e, em caso de vitória, terminaria o segundo mandato com 86.
A pressão para que Biden desistisse de concorrer começou depois do debate de 27 de junho —o primeiro do calendário eleitoral—, em razão do mau desempenho dele no confronto com Trump. Na ocasião, o presidente se mostrou confuso, hesitante e pouco reativo. Depois, admitiu não ter ido bem, mas vem insistindo que tem capacidade para seguir na disputa.
No editorial, o “The New York Times” diz que:
- Os políticos democratas “que querem derrotar Trump” devem“ falar claramente” com Biden para que ele desista;
- Cita pesquisa segundo a qual 74% acham que o democrata está velho demais para um novo mandato;
- A resistência de Biden “ameaça entregar a vitória a Trump”: “Eles [democratas] precisam dizer a Biden que ele está passando vergonha e colocando em risco o seu legado”;
- Diz que uma vitória de Trump, “um inapto a ser presidente”, colocaria em risco a democracia e que ainda há tempo de convencer os eleitores a esse respeito: “Mas os democratas terão dificuldade (…) enquanto seu próprio representante for um homem que também parece inapto para servir como presidente pelos próximos quatro anos”, afirma o jornal;
- Por fim, o jornal diz: Biden “parece ter perdido a noção do próprio papel nesse drama nacional” ao querem seguir na disputa. “Ele não parece entender que agora ele é o problema —e que a melhor esperança para os democratas manterem a Casa Branca é que ele desista.”
Em editorial em 28 de junho, dia seguinte ao debate, o NYT havia defendido a desistência de Biden, embora em tom menos categórico. Outros veículos também já se manifestaram nesse sentido: na semana passada, a revista britânica The Economist mostrou um andador na capa para dizer que o presidente não tem condição de comandar o país.
O agregador de pesquisas do site americano 538 aponta que Trump é escolhido por 42,1% dos eleitores; Biden tem 39,9%.
Carta contra pressão
Em uma carta enviada na segunda-feira (8) a deputados, Biden confrontou membros do Partido Democrata e recusou novamente o pedido para deixe a disputa à Casa Branca. Ele pediu ainda que os deputados deixem de pressionar por sua desistência.
“Temos 42 dias para a Convenção Democrata e 119 dias para as eleições gerais”, disse Biden na carta, distribuída por sua campanha de reeleição. “Qualquer enfraquecimento da determinação ou falta de clareza sobre a tarefa que temos pela frente só ajuda Trump e nos prejudica. É hora de nos unirmos, avançarmos como um partido unificado e derrotar Donald Trump.”
Também na terça, congressistas democratas se reuniram para discutir a situação de Biden. O presidente ganhou apoio de alguns parlamentares, embora haja ainda não haja consenso, segundo relato da Agência France Presse.
Nesta semana, Biden participa de reunião em comemoração aos 75 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O evento pode oferecer uma trégua temporária — ou ser a última batalha do presidente, uma vez que um deslize possa aumentar as resistências contra ele.
Biden se comprometeu a cumprir um segundo mandato inteiro se for reeleito, afirmou sua porta-voz, Karine Jean-Pierre. O segundo mandato termina em 2028, quando o democrata terá 86 anos.
As informações são do G1