Da Redação – O ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) comemorou quando o ex-presidente Lula (PT) foi solto em 2019. A declaração foi dada após Moro ser questionado sobre a pecha de traidor que ganhou dos bolsonaristas.
Sergio Moro se defendeu relembrando o processo de decisão do Supremo Tribunal Federal que levou à soltura de Lula, quando a corte mudou o entendimento sobre a prisão em segunda instância. De acordo com o ex-ministro bolsonarista, ele teria trabalhado para evitar a mudança de posição do STF, enquanto Bolsonaro celebrou a soltura.
“Eu não quero levar isso nunca para o lado pessoal, mas vamos colocar aqui uma situação específica: havia a execução em segunda instância, esse é um tema para que se diminua a impunidade, os crimes em geral. Mas, especialmente os crimes de grande corrupção. O Supremo colocou isso ao decidir em 2016 que deveria ser executada a condenação em segunda instância, isso foi um marco importante para a Lava Jato. Em 2019, o Supremo reviu essa decisão”, relembrou Moro. “Foi uma decisão, respeito o Supremo, foi uma decisão errada do Supremo Tribunal Federal. Eu trabalhei, nos bastidores e publicamente, para que o Supremo Tribunal mantivesse a execução em segunda instância. Visitei ministros, fui lá conversar.”
Segundo o ex-ministro, ele se mobilizou para mudar a situação e tentar reverter a decisão do STF, enquanto o presidente Jair Bolsonaro teria ficado inerte, inclusive comemorando quando Lula foi solto. Segundo Sergio Moro, o presidente entendia que a soltura do petista poderia beneficia-lo eleitoralmente.
“Depois que o Supremo reviu essa decisão, eu trabalhei junto ao Congresso por uma emenda constitucional e por um projeto de lei para reestabelecer a execução em segunda instância. Não adianta nada você ficar reclamando, tem que construir – e foi isso que eu fiz. O presidente não fez nada e, na verdade, o que a gente sabia é que o Planalto, o presidente comemorou quando o Lula foi solto, lá em 2019, porque ele entendia que aquilo beneficiava ele eleitoralmente”, afirmou.
Moro ainda disse que, após Lula ser solto, um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro fez uma publicação criticando a prisão em segunda instância e, depois, teve de apagar. “Foi um episódio constrangedor”, classificou.